ORAÇÃO DE CONFIANÇA


Confio em teu poder e em tua bondade, em ti confio com filialidade, confio cegamente e em toda situação, Mãe, no teu Filho e na tua proteção. Amém.

A NOVA IMAGEM DO PAI Pe. José kentenich Conferências aos Homens Schoenstatt – 18 de junho 1966

Queremos constatar como um grande acontecimento histórico que a base, o início, a fundação de nossa Família está unida intimamente com um grupo de jovens, de homens vigorosos e corajosos. Por isso os Srs. devem ter presente neste momento tantos jovens que então ofereceram sua vida pela Patria, mas também pelo Reino da querida Mãe de Deus e pelo Reino do Pai. Basta lembrarmos, por exemplo, José Engling e todos os grandes e pequenos congregados daquele tempo. Ouçamos Max Brunner bradar em uma reunião festiva: "Ave, Imperatrix, morituri te salutant!" Salve lmperatriz, hoje dizemos: "Salve, Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admrável de Schoenstatt, os que estão prontos a morrer por ti e por teu Reino te saúdam!
Quantas vezes nestas últimas semanas proclamamos deste mesmo lugar Começamos com um movimento mariano e nos tornamos um movimento patrocêntico(centrado no Pai). A grande missão de Nossa Senhora, a partir  de seu santuário, a partir de seus Santuários é: chamar à vida um reino do Pai com sua cracterística: 
O Pai Celeste deve tornar-se  novamente o Senhor do mundo.
No Reino de Deus nada se perde, e especialmente no reino de Schoenstatt. Por tudo o que fazemos e sofremos, por tudo o que rezamos e omitimos, em última análise vale sempre o mesmo: O Reino de Nossa Senhora, da Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt deve florescer novamente, deve surgir de novo, deve desenvolver-se e tornar-se um Reino Universal!.

Livro: A nova Imagem do Pai (Pe. José Kentenich)


O que é ser criança diante de Deus?


Que atitudes implica a filialidade? Parece-me parece que são, fundamentalmente, três atitudes frente ao Pai: confiança,  obediência e entrega filial.
1. A confiança filial. Deus é um Pai todo poderoso. Esta afirmação teológica desperta em mim, a atitude de confiança. É a experiência da criança que sabe confiar cegamente em seus padres. E o faz instintivamente, sem muita reflexão; é sua experiência original. Por isso se sente tão seguro e querido e vive tranqüilo e feliz sua vida.
O que numa criança é espontâneo, nós, os adultos, temos de reconquistar se queremos ter alma de criança. O que a criança pressupõe de seus pais naturais, o homem filial o reconhece no
Pai celestial. Por isso, o Padre Fundador procura conduzir-nos à confiança filial: “Meu esforço pessoal, com respeito a toda a Família, é que cheguemos a ser heróis da confiança”.
Ele costuma ilustrar esta confiança heróica com a imagem do filho do marinheiro. Este, mesmo tendo consciência do perigo em alto mar, não se desespera, permanece tranqüilo, porque sabe que
seu padre está no timão. É esta convicção a que temos de reconquistar: “O Pai tem em suas mãos o timão, mesmo que não saiba o destino nem a rota” (HP, 399). Quando assim entregamos a
Deus Pai a condução de nossa vida, então renasce a segurança existencial. É a “segurança do pendulo” que permanece firmemente
agarrado desde o alto.
O Pai é a rocha inamovível, a tranqüilidade do filho, em meio dos vaivens da vida. “A criança tudo vence mediante a confiança” (Deus meu Pai, 223), afirma o Padre Fundador.
A infância espiritual consiste, neste contexto, numa fé simples na Divina Providencia que nos faz ver presente, atrás de todos os acontecimentos da vida, uma mão paternal e bondosa. Filialidade não é evasão de responsabilidades, se não protagonismo histórico
e criador. É compartilhar responsabilidades com o Pai, lutar por um mundo digno de Ele.
2. A obediencia filial. A verdadeira filialidade é, em segundo lugar, docilidade, submissão à vontade de Deus, obediência ao Pai. A partir de Jesus e seguindo seus sinais, “o homem filial sabe que sua obra é grande só na medida em que corresponde ao desejo do Pai” (Deus meu Pai, 319).
É perguntá-lhe, em cada caso: Pai, o que te agrada mais? A obediência confere a infância espiritual, vitalidade e heroísmo; a faz exigente e educadora. Porque a verdadeira imagem do Pai inclui não apenas bondade, se não também força.
Deus Pai pode nos causar dor, para assemelharnos mais a seu Filho Unigênito. Mas é sempre o amor que o impulsiona a impor-nos severas exigências.
3. O amor filial. “Os santos - afirma o Padre Kentenich - se fizeram santos a partir do momento em que começaram a amar, e começaram a amar só quando acreditaram, souberam e se sentiram amados por Deus” (Deus meu Pai, 248).
Nosso amor há de voltar a ser como o amor das crianças. Devemos deixar de lado nossos enredos e complicações de adultos e aprender a amar com simplicidade. Devemos tirar nossas máscaras de falsa grandeza e auto-suficiência e nos entregar com humildade sincera. Devemos passar de um amor racional e calculista a um
amor espontâneo e cálido. Esta simplicidade, autenticidade e espontaneidade na entrega, cativam o amor do Pai e o atrai irresistivelmente. Por isso há de crescer e purificar-se nosso amor. O amor primitivo gira em torno ao próprio eu e seus interesses. O amor filial maduro gira em torno ao Pai e sua vontade. E isso requer uma permanente auto-educação, uma luta diária constante, de renuncias e entregas heróicas. Mas sabemos que é o único caminho para mudar e tornarnos crianças, e assim poder entrar no Reino do Pai eterno.


Na Escola de Maria, Missionários do Tabor!

“Todas as gerações me chamarão bem-aventurada!”
"Todo o céu clama: “Ave, cheia de graça!”
"Bem-aventurada Virgem Maria, desde o primeiro
 instante de sua  Imaculada conceição,
 pelos méritos de Cristo  foste preservada do  pecado
original.
"Ave Maria, na plenitude dos tempos, o Arcanjo São Gabriel te levou o grande anúncio. Humildemente pronunciaste teu sim.
“O Verbo se fez carne e habitou entre nós”.
Nos braços de Maria Repousa o Salvador do mundo.
“Eles não tem  mais  vinho”.
Ave Maria, tu a mais fiel até a morte.
Oferente estivesse junto a cruz.
“Como Soberana reinas no céu e, radiante de felicidade,
 habita  junto a Deus Trino.”


Congresso de 2007

Somos marianos, para quê?
  Pe. Matheus Bernardes 
Congresso de outubro 2
Queridos dirigentes da Família de Schoenstatt,
 Seguindo a linha de reflexão de nosso Congresso de Outubro, agora temos que nos perguntar “somos marianos para quê?”. O Pe. Alexandre já nos respondeu ‘por que Maria’ e a Ir. Cacilda nos respondeu ‘por que Maria em Schoenstatt’... Agora estamos ante a tarefa de encontrar uma resposta à pergunta já indicada.
 Se tivéssemos a possibilidade de fazer a mesma pergunta, ao nosso Pai e Fundador, o que ele nos responderia? Em parte, já vimos algo dessa resposta na palestra da Ir. Cacilda, contudo, gostaria de novamente retomar o tema para que possamos encontrar a resposta que estamos buscando hoje de manhã.
 “Aqui nos encontramos simplesmente ante grandes princípios do Reino de Deus e ante perguntas e estruturas fundamentais da pedagogia divina, que não aceitam nenhuma dispensa. E isso porque justamente é o amor educador de Deus que nos coloca estas mesmas exigências. Não é à toa que o amor eterno testemunha de si mesmo: ‘E mesmo que uma mãe se esquecesse de seu filho, eu não me esquecerei de ti. Eis que te gravei na palma das minhas mãos.’ (Is 49,15s). O amor é, portanto, quem põe exigências tão grandes a Deus-Educador em sua relação conosco. Este mesmo amor dá a origem e o sentido de ser da Mãe de Deus.”[1]
 Podemos, pois, afirmar que a base de nosso ser mariano é o mesmo amor que sustenta a existência e a missão de Maria Santíssima, também nos sustenta. O mesmo amor que criou Maria Santíssima e lhe entregou a missão de ser permanente colaboradora de Cristo em toda a obra da Redenção, também nos criou e também nos deu uma missão. Somos marianos, então, para sermos re-criados no amor, redimidos no amor e enviados no amor.
No entanto, não podemos ficar com uma idéia vaga da palavra amor, como infelizmente hoje há pelo mundo afora. Na atualidade, o amor é compreendido simplesmente como um sentimento, o que deixa de fora toda a força que lhe é própria, por exemplo, a capacidade de plasmar e configurar uma existência e uma missão, como nós vimos no texto de nosso Pai e Fundador sobre nossa querida Mãe.
1. Uma rápida leitura dos sinais dos tempos

Quando tratamos de responder a pergunta “somos marianos para quê?”, devemos respondê-la a partir de nosso contexto vital. Não podemos afirmar que somos marianos “no ar”. Se somos marianos é porque acreditamos profundamente que este amor, do qual falávamos há pouco, é uma resposta aos desafios do mundo hoje.
Não quero ser exaustivo na análise do tempo, porém gostaria simplesmente de esboçar um esquema sobre a pós-modernidade e sobre a globalização para que tivéssemos alguns elementos a mais para nossa resposta.
A modernidade, que teve seus começos lá com o filósofo francês Renée Descartes e sua maior expressão no iluminismo alemão, sobretudo no pensamento de Immanuel Kant, não se trata simplesmente de uma corrente filosófica ou uma forma da expressão do espírito humano, mas chegou a ser uma forma de nossa própria existência no mundo. O ser humano, a partir da modernidade, é no mundo um ser moderno.
Insisto: ser moderno não significa simplesmente que nós usamos a roupa da moda, nos comunicamos pela internet, temos duas ou três linhas de telefonia celular e viajamos de avião. Ser moderno é um modo de existir. Posso ver nos seus rostos uma grande interrogação... claro, nós não tivemos a oportunidade de conhecer outro modo de existir e, portanto, a modernidade passou a ser nosso referente básico. Por exemplo, quando me refiro a um modo de existir no mundo, estou afirmando que é absolutamente impossível pensar nossa vida sem a técnica. É impossível pensar a nossa vida sem a comunicação, sem o petróleo, sem os computadores, etc.
Entretanto, ser moderno, como já afirmei, é algo mais profundo ainda. Nós somos modernos porque nós nos relacionamos como homens e mulheres modernos, isto é, para nós a autonomia do sujeito no mundo é indiscutível. Chega a ser tão indiscutível que muitas vezes nos deparamos com a seguinte adversativa: “Tudo bem que você pense assim! Mas eu penso de outra forma... respeitemo-nos!”. Esta forma de tolerância mútua é fruto da modernidade... que jogue a primeira pedra quem nunca disse algo parecido a um amigo, aos pais ou aos filhos.
Outra forma de existir como modernos é acreditar profundamente na força da razão humana. A razão humana pode quase tudo... o que ainda não pode é questão de tempo, logo teremos vacinas para doenças incuráveis, poderemos ir até Martes e mais longe ainda. Poderemos solucionar o problema da fome e da miséria no mundo. E tudo isso, graças a nossa razão! Ainda bem que existem grandes pensadores no mundo... eles encontrarão as soluções para todos os nossos problemas. Acreditar na razão é ser moderno!
E mais um elemento: somos seres históricos! Nós somos construtores de história! Portadores de uma grande passado, responsáveis pelo nosso presente e gestores de um enorme futuro! Quantas vezes em nossos ramos não nos dissemos algo assim... a Liga das Mães no dia 18 de agosto deste ano, repetiu esta frase várias vezes. Temos a consciência de que podemos criar algo grande e que nossa liberdade é quase ilimitada. O destino do mundo está em nossas mãos. Acreditar em nossa capacidade de construir história é ser moderno!
Porém, já são muitos os pensadores que indicam que esta modernidade está acabando... Já se fala de uma pós-modernidade. O que significa isso? Significa que hoje o imperativo do sujeito já não é tão forte como foi. Não é estranho escutar dos jovens a palavra “tribo”. E pertenço à tribo dos emo’s, eu pertenço à tribo dos punk’s, eu pertenço à tribo dos underground’s. O sujeito se tornou coletivo... Não respondo simplesmente a partir de mim mesmo, mas respondo a partir do grupo ao qual eu pertenço. Talvez os exemplos que tenha dado sejam um pouco tendenciosos... Mas não é à toa que nós nos chamamos “família” de Schoenstatt. Pertencer ou não a um grupo determina muito a nossa existência no mundo.
Por outro lado, a razão moderna vem sendo criticada... Parece que o ser humano não é somente uma máquina de cálculo avançada, capaz de resolver problemas matemáticos a uma velocidade incrível. Ainda mais, parece que o cérebro humano não foi feito simplesmente para pensar... Nós também sentimos, nós também nos relacionamos, nós também nos amamos. A propósito, justamente esta capacidade de amar é um dos maiores problemas de toda a nossa existência humana. Se tivéssemos resolvido este problema há algo tempo, talvez muita coisa já estaria resolvida em nossas vidas. Enfim, parece que a supremacia da razão, pelo menos como ela foi entendida na modernidade, já não é tão assim hoje. Inclusive, estamos passando da ditadura da razão para a ditadura dos sentimentos. E nem precisamos ir muito longe para verificar isso; quem nunca escutou esta frase: “Você já entrou no Santuário? E o que você sentiu?”... Pobre daquele que não tenha sentido nada!
E por outro lado, já não podemos falar de uma liberdade infinita, já estamos falando de uma liberdade que é limitada ao tempo e ao espaço. Gostaríamos de fazer tantas coisas, no entanto agora mesmo estamos sentados aqui neste auditório, próximos ao Santuário e tentando responder à pergunta “somos marianos para quê?”. Infelizmente, não podemos estar ao mesmo aqui e ali... e mais ainda, estamos percebendo que sim somos construtores da história, porém o rumo desta mesma história não depende única e exclusivamente das nossas decisões. Importante, aqui não estou falando de um poder sobrenatural que comanda a história, estou simplesmente dizendo que o ser humano percebeu que seu futuro depende de muitos mais fatores do que simplesmente de sua capacidade de decisão, dito de outra forma, de sua liberdade. A liberdade é limitada.
Junto a este processo do surgimento da pós-modernidade, nos encontramos ainda como fruto da modernidade, especialmente do desenvolvimento da técnica moderna, nos encontramos com a globalização. Insisto novamente, ser globalizado não é simplesmente acordar cada dia da semana em um país distinto, ter a caixa de entrada do correio eletrônico com correspondências em diversos idiomas. Ser globalizado não é possuir cartão de milhas de uma companhia aérea que me dá o direito de viajar em outras tantas. Ser globalizado também não significa que eu ande pela Rua 25 de Março, em São Paulo, e me encontre com produtos de todos os países do mundo, dando uma preferência, claro, para os produtos chineses.
O que significa ser globalizado? Significa que nós estamos entrando em uma nova etapa da cultura humana, onde o momentâneo, o instantâneo é fundamental. Quanto mais pontual seja a experiência do ser humano em uma determinada situação, mais importante esta será e maiores repercussões esta trará para a vida. Entramos na idade da velocidade...
Contudo, há algo mais nisso tudo. Estamos entrando em uma cultura do fragmento. O que significa isto? Pelo fato de que tudo deve ser instantâneo, estamos fragmentando a nossa experiência como pessoas no mundo. Portanto, o nosso conhecimento também está fragmentado... Não precisamos ir muito longe para encontrar um exemplo desta fragmentação. Pobre daquele que sofre de alguma doença um pouco mais complicada, terá que passar em ‘Deus-sabe-quantos’ especialistas para que um diagnóstico seja a apresentado. Mais ainda: o cardiologista receita um remédio para o coração, mas este remédio ataca o estômago, logo o pobre paciente vai parar no gastrologista, quem receita para ele um remédio para o estômago que ataca os rins... logo, nefrologista... e assim sucessivamente.
A cultura do fragmento, fruto da globalização e da aceleração das experiências humanas no mundo, não traz consigo simplesmente a fragmentação do conhecimento, como tivemos a oportunidade de perceber neste exemplo da Medicina, mas também traz consigo a fragmentação da própria pessoa humana, a fragmentação do eu... e isto é muito grave! Nossas experiências no mundo já não possuem mais coerência, ou melhor, a única coerência que possuem é o fato de serem fragmentos e como tais, não é necessário que estejam logicamente unidos, não é necessário que sejam somente positivos... Hoje pode ser bom, amanhã ruim, inclusive pode ser contraditório. O problema, insisto, é que esta fragmentação está fragmentando a pessoa humana.
Meus queridos irmãos e irmãs na Aliança de Amor, este é o tempo no qual estamos. Estamos profundamente mergulhados na pós-modernidade e somos todos globalizados. Não temos como fugir desta situação... Mais ainda, talvez nós que já temos alguns anos nas costas possamos afirmar que isso é história do amanhã. Se assim é, podemos esquecer o crescimento de nossa Família de Schoenstatt, pois aqueles que vêm depois de nós são mais pós-modernos e mais globalizados ainda.
No entanto, estamos tratando de responder à pergunta “somos marianos para quê?”. Remarco, nossa resposta a esta pergunta se dá em um tempo determinado e este tempo é agora! Nós somos marianos para darmos uma resposta para os desafios do mundo de hoje... e esta resposta que nós daremos se chama Maria.
2. Somos marianos para vencer o grupo e formar comunidade

A formação de grupos hoje em nossa sociedade é praticamente inevitável. Nós podemos comprovar esta formação especialmente entre os mais jovens, como já foi citado. A formação de um grupo não necessariamente implica a formação de uma comunidade, afinal de contas, como nos diz nosso Pai e Fundador, comunidade é “estar um no outro, um com o outro e um para o outro” (ineinander, miteinander und füreinander sein). Esta característica não necessariamente existe no grupo.
Somente um esclarecimento importante: quando me refiro a grupo não estou falando sobre grupo de vida ou grupo de oração, estou me referindo a um coletivo de indivíduos, que não necessariamente estão unidos por um vínculo mais profundo. Os grupos geralmente se constituem a partir de interesses em comum, sejam eles positivos, sejam eles negativos. Em todo caso, no mundo do trabalho nós nos encontramos com grupos, cujos interesses estão, sobretudo, no âmbito do utilitarismo. No caso dos jovens, especialmente dos adolescentes, os grupos estão relacionados à auto-afirmação do indivíduo... na medida em que o grupo permita que “eu” me auto-afirme, o grupo tem o seu sentido de ser.
Não obstante, como já podemos perceber esta formação do grupo não necessariamente tem a ver com a nossa opção cristã de vida, algumas vezes a formação de um determinado grupo é simplesmente a expansão do individualismo... Deixamos de falar de individualismo no singular e começamos a falar de individualismo em coletivo. Esta opção não tem nada a ver com a nossa opção cristã. O desafio, portanto, é formar uma verdadeira comunidade. Lendo um trecho do livro dos Atos dos Apóstolos nos encontramos com uma figura feminina que se reuniu com os Apóstolos e implorou com eles o Espírito Santo para que a Comunidade-Igreja se formasse, essa figura é Maria.

Nem preciso dizer que a resposta nos parecia já bastante conhecida: Maria se encontrava com os Apóstolos no momento inicial da Igreja. Ela implorou junto com eles o Espírito Santo que transformou homens frágeis e apontou à Igreja o caminho da vitória, como também nos indicou nosso Pai e Fundador. Importante: o caminho da vitória apontado pelo Espírito Santo, que foi intercedido por Maria Santíssima, não foi simplesmente o fato de a Igreja ter passado por todos os desafios das heresias, nem pelo fato de a Igreja ter vencido a pressão do Estado durante o final do século XIX. O caminho da vitória da Igreja é justamente o fato de ela ter se mantido comunidade.

A salvação não é algo individual, a salvação é comunitária. Nós nos salvamos somente na medida em que estivermos vinculados a uma comunidade. Portanto, a verdadeira vitória da Igreja é ter se mantido fiel a este propósito salvador. Lembremo-nos: Maria é a permanente colaboradora de Cristo em toda a obra da Redenção... Portanto, ela também será sua colaboradora na formação da comunidade daqueles que crêem em Cristo e que por Ele serão salvos.

2.1. Somos marianos para ser família
Contudo, gostaria entrar um pouco mais em uma comunidade muito especial, que ultimamente tem sido bastante atacada e se encontra bastante frágil: a família. Antes, porém, voltamos a afirmar: somos marianos para vencer o grupo e formar comunidade, somos marianos para vencer o grupo e formar família.

A família em sua definição antropológica básica é o fruto da união entre um homem e uma mulher. Remarcando: a união entre um homem e uma mulher. Hoje, nos encontramos com diferentes formas de (entre aspas) “famílias”: famílias mono-parentais, i.e. famílias constituídas somente por um princípio parental, seja este princípio masculino ou feminino; famílias cujos princípios parentais são do mesmo sexo, sejam eles do sexo masculino (o caso de famílias com dois pais) ou do sexo feminino (o caso de famílias com duas mães). A grande preocupação com toda esta situação é colocada nos filhos... o que será deles?

Aqui nós nos encontramos com duas respostas dadas por Maria Santíssima: a primeira está na linha da identificação sexual, que o homem seja homem e que a mulher seja mulher, e a segunda está na linha do esclarecimento do relacionamento entre homem e mulher.

2.2. Maria e o esclarecimento do papel do ser masculino
Mais que nunca o ser masculino vem sendo questionado. Tanto assim que a revista Veja dedicou uma matéria especial ao “Super-herói fragilizado – eles também choram”. A publicação desta matéria foi no ano 2002 e, de lá para cá, a situação não mudou muito.

O papel do homem dentro da sociedade se viu profundamente questionado pelo fato de as mulheres conquistarem o mercado de trabalho e este se vê, a partir de então, colocado em segundo plano. Tudo bem que as mulheres aqui nos dirão que isto não é tão assim, pois ainda o salário dos homens é superior ao das mulheres... tudo bem, mas somente pelo fato de as mulheres terem um salário, o homem já vem se sentindo fragilizado. Pensem que o homem foi o provedor da família durante séculos... Somente no que podemos chamar de cultura ocidental, ele foi o provedor por mais 25 séculos. Uma mudança assim traz, evidentemente, conflitos.

Além do mais, como nosso Pai e Fundador bem sinalizou o homem possui um problema que é inato a sua condição masculina: o homem não aceita que ele será e é pai. A paternidade é o maior problema para o homem... Assumir que aquela vida, que não é a sua, está sob a sua responsabilidade aterroriza o homem. E mais ainda, o homem não é naturalmente pai, afinal de contas, as mudanças biológicas não acontecem em seu corpo, acontecem sim no corpo de sua mulher. O homem não é pai como a mulher é mãe desde a concepção; ele será pai somente depois do nascimento... muitas vezes bem depois do nascimento.

Ante esta crise, Maria dá uma resposta extraordinária. Como o Pe. Alexandre nos falou ontem, Maria é mãe. A maternidade de Maria é incontestável... Nós nos vinculamos a Ela como filhos e filhas. No caso do ser masculino, o vínculo com Maria desperta sentimentos filiais profundos... Maria é minha mãe! Somente um parêntese, nossa vinculação a Maria não se dá, em primeiro lugar, através das idéias ou por causa de grandes tarefas, nós nos vinculamos a Maria a partir de nossos afetos, nossos sentimentos. E isto se dá especialmente porque Ela é mãe. O vínculo entre mãe e filho é o mais forte que a psicologia conhece, portanto com Maria não será diferente.

Voltando ao ser masculino e sua dificuldade de ser pai. Vinculando-se a Maria o homem se descobre filho... Por um mecanismo inconsciente de contraposição, este experimentar-se filho leva o homem a experimentar-se pai. O homem somente pode ser pai, na medida em que foi filho. Quanto mais profunda foi a experiência de filialidade, mais profunda será a experiência de paternidade.

Muitos devem estar pensando, mas nesse caso a experiência de filialidade se dá em relação a uma mãe, no caso Maria Santíssima. Não nos esqueçamos que Maria é o redemoinho da Santíssima Trindade, como nos diz nosso Pai e Fundador. Logo, uma vez vinculado a Ela (e que este vínculo seja profundo, afetivo), imediatamente o homem está vinculado a Deus Pai, ante quem também se experimentará como filho e, por conseqüência, poderá ser pai.

Logo, o vínculo a Maria ensina o homem a ser pai. Vinculado a Maria, o homem pode ser o princípio parental masculino dentro da família...

Também falávamos dos problemas que o homem possui hoje, especialmente fato de estar fragilizado... Novamente, o vínculo a Maria, o vínculo profundo e afetivo a Maria, faz com que o homem perca esta imagem de provedor, pois não tem que ser a excelência da sociedade, tão pouco o homem capaz de tudo, ele tem que ser simplesmente filho. E sendo filho, ele pode ser frágil, pequeno, cheio de falhas, defeitos, dúvidas e angústias. Entretanto, ele poderá ser quem ele tem que ser.

Homens, vinculem-nos a Maria!

2.3. Maria e o esclarecimento do papel da mulher
Se o homem está passando por uma revolução é porque a mulher também está passando por uma revolução. Inclusive, uma revolução muito mais complexa e turbulenta. Pensemos um pouco no fenômeno feminista... A mulher está exigindo direitos iguais, ou melhor, a mulher está exigindo que seu posicionamento na sociedade seja igual ao posicionamento do homem. Importante: não somente no mercado de trabalho, mas em todos os âmbitos da vida.

Quais são as conseqüências? Como já foi constatado por alguns pensadores de nosso tempo, a mulher já não necessita do homem para nada... Nem para a reprodução, pois já há métodos muito avançados de fecundação artificial que simplesmente descartam a presença do homem. E não pensem que estou falando de um futuro macabro e distante... é a nossa realidade.

Contudo, como nos indica nosso Pai e Fundador, o maior problema do ser feminino não está nesta revolução atual, mas sim na aceitação de seu próprio ser feminino. A mulher simplesmente não aceita que é mulher... Esta é a grande crise de sua existência. Não que ela queira ser homem; ela simplesmente não aceita o fato de seu corpo ser feminino, pois assim sendo, chama a atenção e ela, em sua constituição mais profunda, quer permanecer intocada e não se tornar um objeto de desejo. No fundo, a mulher quer permanecer eternamente virgem... Entendam esta palavra não somente em sua conotação sexual, mas entendam-na em sua conotação de preservada, guardada, reservada.

E quem é a virgem por excelência? Novamente, Maria Santíssima. Aqui, porém, temos um elemento novo e muito positivo. No Antigo Testamento, nos encontramos também com figuras de mulheres virgens. A virgindade no Antigo Testamento era praticamente uma desgraça, pois a virgem é infecunda, a virgem não produz fruto. Entretanto, em Maria nos encontramos com uma outra virgindade: a virgindade fecunda, a virgindade de uma mãe.

Maria preserva o ser feminino em sua integridade máxima, porém não como uma mulher fechada e amargada. Ela permanece virgem e é mãe ao mesmo tempo. Inclusive mais, a maternidade de Maria consagra a sua virgindade; Ela permanece virgem porque é mãe do Salvador. E aqui temos um ponto fundamental para o ser feminino: a mulher está chamada a preservar a sua integridade física e espiritual, dito de outra forma, a mulher está chamada a preservar sua virgindade, todavia esta virgindade como a de Maria é fecunda.

A plenitude do ser feminino se dá no momento da maternidade, no momento em que a virgindade se torna fecunda. Por isso, mulheres: olhem para Maria e se vinculem a Ela. Ela vai ensiná-las a serem plenamente mulheres, a serem fecundas sem perderem a sua integridade. E mais ainda, Maria vai ensiná-las a serem realmente mulheres e não “homens de saia”, como muitas vezes nós vemos na sociedade atual, mulheres que são mais másculas que os próprios homens.

2.4. Conclusão deste tema
Somos marianos para vencer o grupo e formar comunidade! Somos marianos para vencer o grupo e ser família! Os homens devem se vincular a Maria para aprenderem a ser pais, com isto o princípio parental masculino da família está salvo. As mulheres devem se vincular a Maria para aprenderem a ser mulheres, com isto o princípio parental feminino está salvo. Salvando os princípios parentais da família, esta está salva, a comunidade está salva.

Vinculem-nos profunda e afetuosamente a Maria Santíssima, nossa querida Mãe!

3. Somos marianos para vencer o racionalismo e o sentimentalismo

Estamos passando de uma etapa do pensamento para outra... mais preciso ainda, estamos passando de uma etapa de nossa experiência no mundo para outra. Essas duas etapas, como nós mesmos já caracterizamos, são chamadas de modernidade e pós-modernidade. A modernidade insistiu muito no uso da razão, especialmente a razão cartesiana, e afirmava que tudo seria resolvido pela razão. A pós-modernidade está cansada da razão e agora está sobre-acentuando os sentimentos. Do racionalismo para o sentimentalismo.

Interessante notar que em nossos dias tanto racionalismo, como sentimentalismo se misturam. Há pessoas que são extremamente racionais que simplesmente conseguem analisar o mundo a partir da razão, a partir de uma análise fria e objetiva da realidade. Contudo, estas mesmas pessoas possuem em suas casas uma pirâmide que concentra a energia que vem Deus-de-onde e de-que-raios. Depois de passarem horas na frente de um computador realizando contas e mais contas, chegam em casa e se deitam dentro da pirâmide para se sentirem bem.

Talvez eu esteja dando exemplos um pouco distantes de nossa realidade diária. Olhemos para situações um pouco mais corriqueiras... Olhemos para dentro de nossa querida Igreja. A principal forma de exercer um apostolado hoje em dia é através dos sentimentos. Inclusive, muitas vezes somos obrigados a escutar: “E choraram? Ah, porque se não choraram, não valeu a pena todo o esforço daquela oração...” Escutamos isso com bastante freqüência... E ainda mais pelo simples fato de ser brasileiros... Não podemos ver a bandeira do Brasil sendo hasteada que uma lágrima já cai.

Porém, também nos encontramos com o outro extremo... e este bastante presente em muitos ramos de nosso querido Movimento: nos encontramos com o racionalismo. Começamos uma reunião e de repente alguém começa a devagar sobre a importância de um determinado símbolo. Atenção: o símbolo se realmente é um símbolo não precisa de muita explicação, ele se explica por si mesmo. Em todo caso, estamos reunidos e queremos explicar o porquê daquele símbolo e quais são as suas conseqüências para a missão de Schoenstatt e da Igreja... Além do mais, nossa origem é alemã e os alemães são muito bons para a razão, portanto fundamentos sempre encontraremos e, inclusive, acharemos frases bonitas e difíceis de entender, mas justamente porque são difíceis de entender são importantes. Puro racionalismo...

Como vencer esta tendência racionalista? Como vencer esta tendência sentimentalista? Novamente, recorrendo àquela que é equilíbrio, nossa querida Mãe. O ser humano não é só razão, como a pós-modernidade já bem indicou. Contudo, o ser humano não é só sentimento, emoção. Nós sim temos razão, temos uma capacidade racional, mas nós também temos uma capacidade sentimental, emotiva muito importante.

Quando nos vinculamos com Maria Santíssima, em primeiro lugar nos vinculamos a partir de nossos afetos, nossos sentimentos. Nossa vinculação a Ela deve ser cheia de afeto, cheia de carinho. Porém, esta vinculação não fica somente aí... Nós já escutamos várias vezes durante este Congresso que Maria é o redemoinho da Santíssima Trindade, Ela não reserva nada para si, Ela eleva tudo para a Santíssima Trindade por seu Filho, Jesus Cristo. O mesmo acontece com a nossa vinculação afetiva com Maria Santíssima. Ela não permitirá que fiquemos simplesmente no sentimento, através do sentimento, através de todo o nosso carinho para com Ela, nossa razão, nossa inteligência também será captada. Inclusive mais, todo o nosso ser será captado pela vinculação com Maria.

Nosso Pai e Fundador afirmava que uma vez corretamente vinculados a Maria, o núcleo de nosso ser (o que ele chama de Gemüt) será imediatamente captado e estaremos profundamente enraizados no mundo da graça. Nossa vinculação com nossa querida Mãe abre a nossa razão para enxergarmos que a salvação vem de Jesus Cristo, que a salvação se dá em comunidade, portanto que precisamos formar Igreja, formar comunidade, como já vimos anteriormente. Nossa vinculação com Maria Santíssima abre nossa razão, abre nosso entendimento e permite que estejamos, de verdade, seguindo os passos de seu Filho Jesus Cristo.

É fundamental que tenhamos presente este aspecto, especialmente no momento de fazermos nosso apostolado. Nossa vinculação com nossa querida Mãe nos dá pistas para exercermos corretamente nosso apostolado.

3.1. A pastoral mariana
Na medida em que estivermos profundamente vinculados a Maria, temos a certeza de que nosso apostolado será também mariano. Inclusive, podemos falar de uma pastoral mariana, como o próprio Pe. Alexandre, quem nos falou ontem, gosta de mencionar. O que significa realizar uma pastoral mariana?

Em primeiro lugar, nós devemos ser profundamente gratos à Providência Divina, pois nos deu em Schoenstatt duas formas pré-claras de pastoral mariana: a Campanha da Mãe Peregrina e a Pastoral dos Santuários de Schoenstatt. Inclusive, podemos dizer mais ainda, a Campanha da Mãe Peregrina é uma prolongação da própria Pastoral do Santuário de Schoenstatt, uma vez que Maria Santíssima e seu Santuário, com as três graças, peregrinam de casa em casa, de família em família.

Porém, exercer uma pastoral mariana não é simplesmente abrir as portas do Santuário ou fazer réplicas de uma imagem e que estas circulem pelas cidades. A pastoral mariana é uma maneira de exercer nosso apostolado, onde nós convidamos a muitos outros a se vincularem à nossa querida Mãe. E como estas pessoas devem se vincular a Ela? Devem estar vinculadas a Ela de uma forma correta, isto é, nós devemos fomentar o vínculo profundo e afetivo com Maria Santíssima.

Um vínculo profundo significa que nós não buscamos simplesmente que as pessoas se vinculem à nossa querida Mãe quando possuem necessidades, doenças, problemas familiares e financeiros, problemas de relacionamento, etc. Quando nós falamos de um vínculo profundo estamos falando de um vínculo que perdura e que tende a crescer, dito de uma forma mais conhecida para nós: estamos falando de uma Aliança de Amor. Fomentar o vínculo profundo com Maria é fomentar que as pessoas a nós confiadas, no apostolado, possam realmente chegar à profundidade de uma Aliança de Amor, isto é, de uma verdadeira troca de corações com a Mãe de Deus.

Nós nos propusemos, como Família de Schoenstatt brasileira, a conduzir muitas pessoas à Aliança de Amor até 2014, quando estaremos celebrando 100 anos da mesma. Portanto, nós nos comprometemos a conduzir muitas pessoas a um vínculo profundo com Maria Santíssima. Nós nos comprometemos a conduzir muitas pessoas a viver no seu dia-a-dia a Aliança de Amor.

Por outro lado, nós também falamos de um vínculo afetivo. Importante: aqui estou falando de um vínculo afetivo e não um vínculo sentimentalista com a Mãe de Deus. Fica claro que um vínculo afetivo deixa de lado toda forma de vínculo racionalista, entretanto ainda está a tentação de promover única e exclusivamente um vínculo sentimentalista.

Insisto, quando nós falamos de um vínculo afetivo, estamos falando de colocar o núcleo da pessoa em contato com o mundo da graça através de Maria Santíssima. Ela capta todo o nosso ser captando o nosso afeto. Se, ao realizarmos o nosso apostolado, nós simplesmente fomentamos os sentimentos daqueles que a nós são confiados, não estamos permitindo que o núcleo do ser humano entre em contato com a graça... Portanto, não estamos realizando uma pastoral mariana como deveríamos.

A pastoral mariana fomenta o vínculo afetivo com Maria Santíssima, logo deixa de lado toda “choradeira”, toda “terapia grupal em forma de oração”. A pastoral mariana abre o ser humano para um contato vital com Maria Santíssima e por Ela com o Deus Uno e Trino. Espero que este ponto esteja claro, todavia não precisamos cair no extremo de transformar-nos em pedras sem sentimentos... Em nossa vinculação a Maria, podemos e devemos expressar todo o nosso sentimento, todo o nosso coração.

E mais um detalhe importante, a pastoral mariana por fomentar um vínculo profundo e afetivo, fomenta ao mesmo tempo a educação. Uma vez que o ser humano está profundamente vinculado a Maria, ele começa a ser educado pela mãe. E aqui temos um elemento central de nossa pastoral mariana: o Capital de Graças. Tudo aquilo que nós podemos e devemos oferecer à Mãe de Deus, tudo deve ser transformado em Capital de Graças: nossas alegrias (sim, nossas alegrias!... não pensemos que o Capital de Graças é algo macabro que só aceita sacrifícios, também nossas alegrias devem ser oferecidas para o Capital de Graças), nossas conquistas, nossas lutas, nossos sacrifícios, nossos sofrimentos. Tudo é oferecido para o Capital de Graças... e é justamente por estas ofertas que nossa querida Mãe nos educa. Ao colocar em suas mãos nossa oferta, nós estamos permitindo que Ela seja a nossa Educadora.

Então, meus queridos irmãos e irmãs na Aliança de Amor, quando nós falamos que queremos ser marianos para vencer o racionalismo e o sentimentalismo, nós estamos falando que queremos vencê-los através de nosso apostolado, através de uma pastoral mariana, através de um apostolado que se expressa na Pastoral de nossos Santuários de Schoenstatt e na Campanha da Mãe Peregrina.

Vinculemo-nos a Maria Santíssima para que assim muitos homens e mulheres de nosso tempo possam também se vincular profunda e afetivamente a Ela! Exerçamos como Família de Schoenstatt uma pastoral mariana para sermos resposta a nosso tempo!

4. Somos marianos para alcançarmos a verdadeira liberdade dos filhos de Deus

A passagem da modernidade para a pós-modernidade, como já mencionei, trouxe consigo a descoberta de que a liberdade humana é limitada. Nós acreditávamos que poderíamos ser os grandes construtores da história, que todas as nossas decisões e reflexões sobre os destinos do mundo aconteceriam... Como nos enganamos!

Muitos acreditavam que o destino da existência humana seria salvo pela “infinita” capacidade do ser humano para tomar decisões... Decisões que eram baseados em pensamentos sérios e profundos. Novamente, nos enganamos... o destino do mundo não passou (e ainda não passa) simplesmente pela nossa capacidade de decisão, mas por muitos outros fatores que o ser humano, a partir de sua visão do mundo (a partir de sua cosmovisão), simplesmente não domina.

Exemplos? Os dois maiores fracassos do século XX: a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Vivíamos em um tempo efervescente, o pensamento moderno se encontrava em todos os seguimentos da sociedade ocidental da primeira metade do século passado. Contudo, não nos bastou a consciência de nossa capacidade de decisão... Realizamos as duas guerras mais sangrentas de toda a história. A suposta consciência de liberdade do ser humano o conduziu não ao sucesso, mas sim ao fracasso. Milhões de vidas perdidas...

Ainda nos encontramos com esses exemplos em nossos dias... Infelizmente a realidade das guerras ainda nos ronda. Inclusive, aqui no Brasil... a violência em alguns centros urbanos de nosso país se assemelha bastante a um cenário de guerra. Nossa conclusão: a tão sonhada liberdade infinita do ser humano não é tão infinita assim. O tão sonhado destino da sociedade humana que encontraríamos a partir de nossas decisões, ainda não chegou. O que muitos chamavam de uma utopia intra-histórica, i.e. a realização de uma utopia dentro da história, ainda está por acontecer... e muito possivelmente nunca aconteça.

Podemos dizer que existe certa desconfiança com relação à liberdade humana na pós-modernidade. Para ser mais preciso, há uma forte desconfiança com relação à afirmação de uma liberdade infinita do ser humano. Esta desconfiança nos pode conduzir a certo conformismo... A propósito, este conformismo é um mal que afeta 10 em cada 10 brasileiros. O que fazer? Se cairmos no conformismo, nem precisamos nos preocupar com o futuro, porque afinal de contas este não depende nós.

Porém, olhemos novamente para a “Bendita entre as mulheres”, contemplemos novamente sua imagem resplandecente e tratemos de encontrar uma solução para estes desafios que nos circundam. É certo que a nossa liberdade é limitada, é certo que nosso poder de decisão não é ilimitado, como um dia sonhamos que fosse... No entanto, nós estamos destinados a uma liberdade infinita, somos chamados a participar de uma liberdade infinita, a liberdade do próprio Deus.

Quando nós contemplamos a “Mulher revestida de sol”, quando olhamos para nossa querida Mãe nós nos encontramos com um exemplo de alguém que, mesmo possuindo uma liberdade finita, já participa da liberdade infinita de Deus. Possuir uma liberdade finita não é nenhuma falha, é simplesmente pelo fato de sermos criaturas de Deus. E nesse caso, Maria Santíssima aparece como uma obra prima feita pelas mãos do Deus Criador.

Este reconhecimento da limitação de nossa liberdade, como nós mesmos podemos contemplar em Maria, e ao mesmo tempo o reconhecimento da vocação de sermos chamados a participar de uma liberdade infinita, o que também contemplamos em Maria, permitem que estabeleçamos uma relação fundamental para a nossa existência no mundo: Deus é nosso Criador e nós somos suas criaturas.

A vitória sobre o pecado original vem justamente deste reconhecimento, afinal de contas, a tentação da serpente era que Adão e Eva seriam “como deuses”, i.e. seriam ilimitados, criadores. A verdadeira condição do ser humano no mundo é a condição de criatura, a condição de ser limitado, porque ao reconhecer-se limitado, imediatamente reconhece a sua vocação ilimitada dada por Deus mesmo.

4.1. Viver nossa vocação à liberdade dos filhos de Deus em nosso trabalho
E quais seriam as conseqüências práticas deste reconhecimento? São inúmeras, contudo, gostaria de enfocar uma conseqüência que toca a todos nós: ao reconhecermos limitados em nossa liberdade e ao mesmo tempo chamados à liberdade infinita dos filhos de Deus, nós temos uma nova atitude, uma postura com relação a nosso trabalho.

O que é o trabalho humano? Não é nada mais que a participação humana no ato criador de Deus. Dito de outra forma, através de nosso trabalho nós cooperamos com a criação de Deus, somos co-criadores. Que desafio! Que tarefa! Que alegria para nós, criaturas, sermos chamados a participar da própria criação.

Neste sentido, ao contemplarmos nossa querida Mãe, ao contemplarmos a vocação plena da humanidade realizada em Maria Santíssima, i.e. ao contemplarmos em sua pessoa uma liberdade finita que já goza da participação da liberdade infinita, nós também adquirimos uma nova postura ante nosso próprio trabalho.

O fato de sermos marianos não permite que façamos de nosso trabalho um absoluto em nossas vidas. Ser mariano é um excelente remédio para os “workaholics”, os assim chamados viciados em trabalho. Se o meu trabalho é uma participação no ato criador de Deus, se encaro meu trabalho desde minha condição de criatura que participa da criação de seu Criador, este não pode se converter em um absoluto para a minha existência. O único absoluto é ato criador de Deus... Nós simplesmente participamos desse ato. Logo, se assim encaramos nosso trabalho, se encaramos nosso trabalho a partir da contemplação da pessoa de Maria Santíssima, não seremos viciados em trabalho, não seremos “workaholics”.

Mais ainda, pelo fato de encararmos corretamente nosso trabalho a partir de nossa vinculação com Maria, temos que afirmar que nosso trabalho não será simplesmente uma fonte inesgotável de riquezas materiais. Não quero fazer nenhum discurso contra a riqueza adquirida pelo trabalho honesto (importante: trabalho honesto!). O que simplesmente quero remarcar é que, para nós, marianos, o trabalho não deve ser encarado simplesmente como um pote de ouro, o trabalho é a participação na criação de Deus.

Portanto, a nossa satisfação no trabalho não deve ser única e exclusivamente desde a perspectiva financeira... ‘Vou conseguir este ou aquele trabalho porque me dá mais ou menos dinheiro’. Se tiver a possibilidade de fazer uma opção de trabalho é porque naquele trabalho em concreto estarei contribuindo ainda mais para que a criação de Deus atinja sua plenitude. Evidentemente, existe uma satisfação dada pelo lado financeiro também... Esta, contudo, não pode ser a mais importante e, muito menos, a única.

Finalmente, o fato de sermos marianos faz com que busquemos trabalhos honestos, trabalhos que nos conduzam à participação na criação de Deus e não na criação de uma conta bancária de algum paraíso fiscal. Insisto, há uma tentação de “sermos como deuses” ainda é uma realidade em nosso dia. Uma forma de “ser como deuses” é possuir uma conta bancária bastante recheada, o que permite que eu realize todos os meus caprichos. Logo, não importa a forma que eu consiga esta conta recheada... Se for uma forma ilegal, não importa, pois o fim justifica os meios.

Pelo simples fato de sermos marianos, nós devemos repudiar esta forma de “trabalho”. O enriquecimento desonesto, uma realidade muito palpável em nosso Brasil, deve ser rechaçado com todas as nossas forças. Importante: não devemos simplesmente rechaçar esta forma de enriquecimento para nós, também devemos rechaçar toda forma de enriquecimento desonesto e todos aqueles que o praticam.

Vejam só! Ser mariano implica também que nós pensemos bem na hora de usarmos o nosso direito de voto, o nosso direito de cidadão. Infelizmente, estamos em um país cuja classe política, não em sua totalidade, mas grande parte dela, se caracteriza por formas ilegais de enriquecimento. Portanto, ao contemplarmos a pessoa de nossa querida Mãe, nós também somos chamados a exercer nossa cidadania de uma forma coerente e conseqüente, especialmente hoje em nosso país.

Queridos irmãos e irmãs na Aliança, ao dizer que somos marianos, ao dizer que queremos nos vincular mais e mais à nossa querida Mãe, nos encontramos imediatamente com conseqüências práticas para a nossa vida. Em Maria, nós contemplamos a verdadeira liberdade dos filhos de Deus... Ela em sua liberdade limitada, em sua liberdade de criatura se encontrou com a liberdade infinita de Deus. Esta é a nossa vocação... Hoje nós temos certeza de que Maria já goza desta liberdade infinita, mas nós um dia também gozaremos dela. Entretanto, nós já podemos aqui na terra começar a viver esta vocação à verdadeira liberdade dos filhos de Deus e um campo para que vivamos esta vocação é nosso meio de trabalho.

Vinculemo-nos mais e mais à Maria Santíssima para que Ela nos ensine a viver já hoje a verdadeira liberdade dos filhos de Deus!

5. Somos marianos para lutarmos juntos pela integridade da pessoa humana

A vida humana se encontra em perigo em nossos dias... Seja a vida que está por nascer, seja a vida que está completando o seu ciclo. A vida humana é valorizada somente na medida em que ela é produtiva ou na medida em que é bonita. Pensar em uma criança que será simplesmente um gasto para a família é quase um absurdo, por isso é melhor que essa vida nem chegue a existir. E o que dizer de um idoso ou uma idosa que hoje significam simplesmente um gasto para a família e para o Estado, por isso é melhor extirpar essa vida antes que os gastos aumentem muito.

Talvez os dois exemplos que acabo de citar sejam muito radicais, pensemos em algo um pouco mais sutil... Pensemos no esforço que muitos (especialmente muitas) fazem para manter não somente a forma, mas também a beleza. Muitos acham um absurdo usar um cilício como auto-flagelação, não acham, porém, que é um sacrifício supra-humano uma lipoaspiração. Em todo caso, a busca da eterna juventude e da beleza que não tem limites também é um atentado à vida humana.

O corpo humano está programado para viver no máximo 70-75 anos... e não adianta, quanto mais queremos estender nossa vida, mais danos nos fazemos a nós mesmos. Parece que agora estou me aproximando à postura de que devemos eliminar os mais idosos de nossa sociedade. Não! Se Deus nos dá a graça de viver 80, 85, 90 anos, temos que encarar isso como uma graça de Deus... E como graça, não compete ao ser humano determinar suas conseqüências, a graça é de Deus e somente a Ele pertence.

Contudo, viver 70-75 anos também é uma graça e se chegou a hora do encontro face-a-face com Deus, não há sentido nenhum que a ciência, por mais positiva que ela seja, busque caminhos para a sobre-vida humana. A aparência humana em seus 70 anos é bem distinta à aparência em seus 20-30 anos. Não há o que se fazer, não podemos frear o curso normal de nossa existência.

Como conseqüência da globalização, falamos que hoje vivemos em uma sociedade fragmentada, uma sociedade praticamente desintegrada. Isso é um enorme desafio para a nossa existência, pois afinal de contas nossa existência é única, nossa existência possui somente uma peça... O fato de desprezar a vida humana que está por nascer ou a vida que está chegando ao seu crepúsculo é um sinal dessa fragmentação. A criança que está sendo gerada e o idoso são vistos como fragmentos e como tais podem ser simplesmente eliminados.

Por outro lado, toda a luta pela eterna juventude e pela eterna beleza também manifesta a fragmentação, a desintegração da vida humana. Sem a beleza, sem um “corpo sarado” (como se diz por aí) não há sentido existir. A beleza se tornou uma espécie de absoluto... Temos que usar as marcas mais sofisticadas e caras do mundo, temos que nos parecer ‘Giseles Bündchen’, ‘Leonardos Di Caprio’, etc., temos que usar Deus-sabe-quantos litros de botox para assim sermos felizes. Uma pena...

5.1. Contemplar Maria como a Imaculada, a mulher feita de uma só peça.
E aqui, ante todos esses desafios, devemos contemplar novamente a “Bendita entre as mulheres”. Maria aparece como aquela que busca, em um tempo de fragmentação e desintegração, a integridade da vida humana. Nosso Pai e Fundador gostava de usar muito uma expressão ao se referir a Maria Santíssima como a Imaculada: Maria é uma obra prima feita de uma peça só. Quando temos a oportunidade de contemplar uma obra de arte, seja ela de madeira, pedra ou metal, quanto mais simples a obra for, quanto menos peças a obra possuir, mais bonita esta será. O mesmo acontece com Maria, a Imaculada. O fato de Ela ter sido concebida sem o pecado original, ou formulado positivamente, o fato de Ela ser a cheia de graça, como nos diria o Evangelho de Lucas permite que Ela seja uma mulher de uma só peça, uma mulher sem fissuras em sua constituição mais profunda.

Ao contemplarmos a figura de Maria, podemos nos maravilhar com o destino da Criação de Deus. Maria é uma criatura perfeita de Deus... n’Ela o desígnio criador e salvador de Deus, pelos méritos de seu filho Jesus Cristo, se realizou em plenitude. Em nós, este mesmo desígnio ainda está por se realizar. Logo, toda vida humana é potencialmente uma realização plena da Criação e da Redenção de Deus... Insisto, toda vida humana, não somente aquela “sarada” ou super-produtiva, como nos indica o mundo e o mercado de hoje.

Se formos realmente marianos devemos nos esforçar pela não legalização do aborto, pelo respeito ao idoso, pela dignidade de todo ser humano. Se formos marianos, devemos anunciar que não são necessárias dietas loucas, roupas caras e mil e uma inversões plásticas para que possamos valer algo. O ser humano vale pelo que ele é. Não são simplesmente os fragmentos de sua existência que possuem algum valor, fragmentos que são conhecidos como beleza, força de trabalho, inteligência, etc. Todo ser humano vale o que é e quem nos ensina a valorizar o ser humano em sua totalidade é também a “Bendita entre as mulheres”.

Entretanto, não podemos nos enganar: o fato de não buscarmos as dietas loucas, as roupas mais caras e as intervenções plásticas não significa que não valorizemos a nossa saúde. Ser mariano implica também um especial cuidado com o corpo. Devemos cuidar de nosso corpo, pois é também por ele que manifestaremos a grandeza do ser mariano, a grandeza do ser cristão.

Maria nos ensina a valorizar a vida humana... Maria nos ensina a respeitar a vida humana em todas as suas etapas... Em Maria, podemos contemplar a verdadeira vocação do ser humano que é viver profundamente da graça de Deus. Novamente, vinculemo-nos a Maria Santíssima para que Ela nos ensine a valorizar a vida humana como esta deve ser valorizada e também para que possamos lutar pela integridade da pessoa humana!

6. Somos marianos para aprender a amar

E para concluir esta reflexão, é necessário afirmar que somos marianos para aprender a amare. A escola de Maria é uma escola de amor; nós queremos freqüentar esta escola para aprender a amar. Primeiramente, queremos aprender a amar a Deus, assim como Maria o amou. Maria é a “Serva do Senhor”, esta sua vocação também pertence a cada um de nós, pois nós também devemos ser servos e servas do Senhor. Somente podemos sê-lo na medida em que aprendermos a amar a Deus. Maria em sua vida terrena certamente passou por muitos claros e escuros da fé... Imaginemos quais devem ter sido seus sentimentos no momento da anunciação e também aos pés da cruz. No entanto, Ela nunca deixou de amar a seu Deus.

Seu amor foi tão grande que Ela se foi associada a seu Filho, nosso Redentor, como a Co-Redentora. Assim como na Criação, Deus pôs no centro um casal, Adão e Eva, na Nova Criação, nos encontramos com outro casal: Cristo e Maria. E não pensemos que Maria foi associada a Cristo por certos privilégios que Ela possuía, não! Ela foi associada a Cristo por seu amor... e seu amor de mãe, amor de quem permanece fiel mesmo estando aos pés de uma cruz. Não podemos compreender a vida de Maria e, muito menos, a Redenção de Cristo se não desde a perspectiva do amor, desde a perspectiva da loucura de amor de Deus por sua criatura humana, que mesmo tendo pecado, mesmo tendo virado as costas para Ele ainda é convidada a participar de sua própria vida.

Esta loucura de amor não é estranha a nós... Nós também somos convidados a fazer parte deste amor redentor de Deus. Quem nos ensina a tomar parte neste amor é justamente aquela que por amor foi associada ao amor redentor, novamente nossa querida Mãe Santíssima, Maria. Ela nos ensina a amar a Cristo como Ela mesma o amou... Ela nos ensina a amar a Cristo em nossos irmãos e irmãs... Ela nos ensina a amar a Cristo em nossa vida diária, como acabamos de refletir. A loucura de amor de Deus pelo ser humano, loucura manifestada em Cristo Jesus, se torna muito mais próxima a nós por, com e em Maria.

Toda a pessoa de Maria é uma escola de amor... Nós, neste próximo triênio, queremos nos aproximar desta pessoa grandiosa e queremos pedir-lhe que nos ensine a amar mais e mais. Juntos, como Família de Schoenstatt, estamos caminhando para o primeiro centenário da Aliança de Amor... Novamente a palavra amor, Maria se aproximou a sua Família, Maria tomou seu instrumento predileto, nosso Pai e Fundador, em uma Aliança de Amor. Nós estamos nos preparando para celebrar (e queremos fazê-lo de forma grandiosa, quem sabe enchendo os estádios do Morumbi, em São Paulo, do Maracanã, no Rio de Janeiro, do Mineirão, em Belo Horizonte, e o Mané Garrincha, em Brasília... isso sem falar nos demais estádios grandes dos outros dois Regionais e do Nordeste, e claro que também levaremos uns 100.000 schoenstattianos do mundo inteiro para a Praça de São Pedro, em Roma)... Mas, voltando ao nosso pensamento, queremos celebrar de forma grandiosa estes 100 anos da Aliança de Amor, porque por esta Aliança aprendemos a amar; porque por esta Aliança podemos ensinar a tantos homens e mulheres de nosso tempo a amar.

Meus queridos irmãos e irmãs na Aliança de Amor, o Papa nos convidou a permanecermos na escola de Maria e é exatamente isto que queremos fazer durante este próximo triênio. E agora já sabemos porque queremos permanecer nesta escola, já sabemos para que somos e queremos ser ainda mais marianos:

- somos marianos para vencer o grupo e formar comunidade;
- somos marianos para vencer o racionalismo e o sentimentalismo;
- somos marianos para alcançarmos a verdadeira liberdade dos filhos e filhas de Deus;
- somos marianos para lutarmos juntos pela integridade da vida humana;
- somos marianos para aprender a amar.

Muito obrigado!



[1] KENTENICH, J., Maria, Mutter und Erzieherin – Eine angewande Mariologie
1. Auflage, Schönstatt-Vallendar: Schönstatt-Verlag, 1973, pág. 78.

Congresso da Família de Schoenstatt em Atibaia - SP - 2006











Congresso de Outubro – 2006
A Aliança de Amor nos torna filhos e missionários nele!


“Nu eu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei para lá. O Senhor deu, o Senhor tirou; como foi do agrado do Senhor, assim foi feito. Bendito seja o nome do Senhor! Se recebemos de Deus os bens, não deveríamos receber também os males?” (Jó 1,21; 2,10b)

Estimada Família de Schoenstatt,

com grande alegria damos início ao nosso Congresso de Outubro do ano 2006. “A Aliança de Amor nos torna filhos e missionários nele!”, este será o nosso lema, este será o lema que nos acompanhará nestes dias nos quais nos reunimos junto ao Santuário de nossa Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt para nos prepararmos a mais um ano de nossa caminhada rumo à celebração dos 100 anos de uma nova iniciativa de Deus: Schoenstatt! Schoenstatt é essa nova iniciativa, Schoenstatt é essa nova irrupção da graça de Deus na história… e nós, nós que hoje aqui nos reunimos podemos ser testemunhas desta iniciativa, porque esta iniciativa é parte de nossas vidas!

No entanto, não nos reunimos simplesmente para nos preparar intelectualmente, como muitos já devem ter pensado quando fiz a referência à preparação… estamos aqui também para nos prepararmos como Família. Deus foi e é tão generoso como Schoenstatt que não simplesmente nos permitiu ser partes de sua iniciativa; Ele permitiu que fossemos parte desta sua nova iniciativa como Família. Sim, somos Família! Somos a Família de Schoenstatt! Portanto, nestes dias de Congresso além de escutarmos boas palestras, sermos informados sobre a nova literatura schoenstattiana, estarmos atentos às correntes do tempo e da Igreja, queremos nos alegrar por sermos Família.

Somos testemunhas e partes da iniciativa de Deus em Schoenstatt!
Somos Família de Schoenstatt!

Que nossos corações sempre agradeçam a Deus por isso! Que durante este Congresso de Outubro possamos ir uma e outra vez ao Santuário e agradecer a Deus e sua Mãe por estarmos aqui testemunhando as maravilhas que Eles realizaram e ainda realizam em Schoenstatt! Que possamos agradecer mais e mais o fato de sermos Família!

Meus irmãos e minhas irmãs na Aliança de Amor,
como já puderam perceber o tema central de nosso Congresso será a Aliança de Amor… antes, contudo, de entrarmos de cheio neste novo tema, olhemos para trás… olhemos para o ano que passou. Há muito para agradecer… há muito para se perguntar… há muito para lembrar! Nosso Santo Padre, o Papa Bento XVI, enquanto ainda Cardeal falava da importância da memória, citando a Santo Agostinho. A memória, segundo o santo de Hipona e o então Cardeal Ratzinger, é o começo da retribuição final, o começo da vida plena em Deus.

Façamos, portanto, memória do ano que passou!

Estamos concluindo com este Congresso, pelo menos com os dirigentes do Movimento, o ano da Divina Providência. Por dita razão, comecei essa colocação citando o livro de Jó e o faço novamente:

“Nu eu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei para lá. O Senhor deu, o Senhor tirou; como foi do agrado do Senhor, assim foi feito. Bendito seja o nome do Senhor! Se recebemos de Deus os bens, não deveríamos receber também os males?” (Jó 1,21; 2,10b)

Jó, um personagem veterotestamentário, é conhecido tanto pela desgraça, como pela graça. A atitude do personagem já no começo do livro é o abandono total em Deus… “Bendito seja o nome do Senhor!”, exclama ao se deparar com a graça ou com a desgraça de sua vida. Qual deveria ter sido nossa atitude fundamental no ano da Divina Providência? Qual deve continuar sendo a nossa atitude ante o plano amoroso de Deus? Justamente, o abandono! E por que nos abandonarmos em Deus? Por que não ser mais ativos? Exatamente, porque no abandono é que encontramos a força para com Deus agir e transformar o mundo.

O site maeperegrina.org.br publicou uma enquete online, para que muitos pudessem relatar suas experiências com a Providência Divina durante o ano de 2006. As respostas são das mais variadas e tocam desde temas pessoais, até vivências apostólicas e comunitárias marcantes. Evitando os nomes, para poder manter a privacidade dos internautas, esses relatos hoje nos acompanham… eles são as páginas das nossas vidas! Não são as páginas da vida que todos os dias um canal de televisão exibe a partir das 21:00 hs.; são as páginas das nossas vidas, as páginas das nossas vidas guiadas pela Providência de Deus.

“O Senhor deu, o Senhor tirou; como foi do agrado do Senhor, assim foi feito. Bendito seja o nome do Senhor!”

Deus, em sua Providência amorosa e misericordiosa, se caracterizou pela superabundância no ano que passou. Favores e graças alcançados… projetos realizados… favores e graças não alcançados… projetos não realizados… ou pelo menos, não alcançados e não realizados da forma que nós queríamos. Muitas vezes pensamos que o Deus providente nos conduz simplesmente aos verdes prados, como reza o Salmo 22… Não! Muitas o Deus providente nos conduz ao vale da morte, como reza o mesmo Salmo[1]. Por que Ele nos conduz ao vale da morte? Por que Ele, que é amor, permite em nossa vida o sofrimento? Porque Ele quer que nós cresçamos no amor… Ele quer que nós nos abramos totalmente no amor, que passemos do amor de concupiscência, ao amor de benevolência.

Já que comecei a falar do amor (propositalmente), Deus nos deu na pessoa do Santo Padre, o Papa Bento XVI, um grande sinal de sua Providência logo ao iniciarmos o ano: Deus caritas est! A primeira encíclica do novo Pontífice… Muitos teólogos se perguntavam sobre o tema da primeira encíclica do Papa, geralmente conhecida como o seu programa de governo para a Igreja. Muitos afirmavam que seria algo em torno à verdade, já que uma de suas grandes preocupações era o relativismo de nossos tempos… estavam (ou melhor, estávamos) enganados. Bento XVI nos falou sobre o amor… começou sua encíclica fazendo uma aproximação ao amor desde o eros e o ágape gregos, ou o amor de concupiscência e o amor de benevolência. Nós, que nos aproximamos do Deus vivo como diz a Epístola aos Hebreus[2], somos convidados a crescer no amor, a que nosso amor de concupiscência chegue a ser um amor de benevolência, um amor de doação, como é o próprio Deus.

Bendito seja Deus que na pessoa do Santo Padre nos falou novamente do amor!

Entretanto, nosso Santo Padre não pára simplesmente em um estudo filosófico-teológico sobre o amor… ele fala também desse amor de benevolência, esse amor de doação na vida pública, na vida do mundo. Poderíamos fazer muitas teorias sobre o amor, poderíamos escrever livros e mais livros sobre a benevolência… nos esqueceríamos, porém, de que o amor também se vive. E como se vive o amor?

O verdadeiro amor cristão, em primeiro lugar, vive do próprio amor de Deus! Ele nos amou primeiro, vai afirmar o autor da Primeira Carta de João[3]. Quantas vezes em nossas vidas, não damos espaço ao amor de Deus… quantas vezes nos esquecemos de que é Deus quem nos amo em primeiro lugar!

Em segundo lugar, o amor cristão se caracteriza pela cruz. Na cruz, temos o maior exemplo do amor doação… lá Jesus se entregou ao Pai, lá Ele se doou totalmente por amor. A Providência o conduziu até lá, a Providência o educou até o perfeito amor doação, como nos diz a Carta aos Hebreus[4]. Quando Bento XVI nos fala do amor em sua encíclica, não podemos entender que a Providência também quer nos educar? Não podemos ver nesse documento papal um sinal da Providência que quer nos liberar do amor de concupiscência e nos levar a um amor de doação?

“Nós cremos no amor de Deus – deste modo pode o cristão exprimir a opção fundamental da sua vida. Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande idéia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. No seu Evangelho, João tinha expressado este acontecimento com as palavras seguintes: ‘Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho único para que todo o que n'Ele crer (…) tenha a vida eterna’ (Jo 3,16). Com a centralidade do amor, a fé cristã acolheu o núcleo da fé de Israel e, ao mesmo tempo, deu a este núcleo uma nova profundidade e amplitude. O crente israelita, de fato, reza todos os dias com as palavras do Livro do Deuteronômio, nas quais sabe que está contido o centro da sua existência: ‘Escuta, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças’ (Dt 6,4-5). Jesus uniu – fazendo deles um único preceito – o mandamento do amor a Deus com o do amor ao próximo, contido no Livro do Levítico: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’ (Lv 19,18; cf. Mc 12,29-31). Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1Jo 4,10), agora o amor já não é apenas um ‘mandamento’, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro.”[5]

Bendito seja Deus por ter-nos dado na encíclica “Deus caritas est” um caminho para crescer no amor!

Ainda olhando para a Igreja, nos encontramos ad portas de um grande evento: a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano. E mais: esta conferência, este acontecimento que terá grande importância para nossa Igreja vai acontecer a uns poucos quilômetros daqui, em Aparecida, junto ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Não é uma grande graça para nós brasileiros recebermos em nosso Santuário Nacional tal acontecimento?

As Conferências anteriores foram celebradas no Rio de Janeiro em 1955, momento no qual o CELAM foi fundado; em Medellín (Colômbia) em 1968, quando nossos bispos se reuniram no esforço de traduzir para a América Latina a novidade do Concílio Vaticano II; em Puebla (México) em 1979, quando se refletiu sobretudo a importância da Pastoral Popular no contexto latino-americano; em Santo Domingo (República Dominicana) em 1992, quando o Papa João Paulo II com os bispos latino-americanos lançaram o desafio da Nova Evangelização.

“Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nossos povos n’Ele tenham vida!” Esse é o lema da V Conferência. Nossos bispos nos convidam a renovar nosso compromisso com Cristo sendo seus discípulos e missionários, especialmente que a vida de nossos povos n’Ele floresça. O chamado é grande… o desafio é enorme! Nós, contudo, vamos nos lançar neste desafio… queremos ser os discípulos e missionários de Jesus neste novo milênio. Queremos assumir a sua missão!

E nós, schoenstattianos, queremos responder a este apelo de nossos bispos! Queremos a partir de nossa Aliança de Amor ser discípulos e missionários do Cristo! Queremos a partir de nossa Aliança de Amor ser filhos e missionários de nosso Pai e Fundador! Ele, quem seguiu a Cristo, ele quem entregou toda a sua vida por Cristo, é modelo para nossa entrega. Queremos seguir a Cristo como nosso Pai o seguiu. Queremos ser discípulos de Cristo como nosso Pai o foi! E como ele foi discípulo de Cristo? A partir da Aliança de Amor.

Bendito seja Deus por mais esta Conferência Geral do CELAM!
Bendito seja Deus por nos chamar a ser discípulos e missionários de seu Filho!

Por outro lado, gostaria de fazer menção à ação providente e amorosa de Deus em nossa Família de Schoenstatt. Primeiramente a nível internacional, tenho que mencionar o Encontro de Pentecostes dos Movimentos com o Santo Padre… novamente, aparece em nossa reflexão a figura do Papa Bento XVI! É interessante ver que isso acontece, afinal de contas é ele junto com os bispos quem garantem nosso ser Igreja. Muitos criticam a figura do Papa, muitos se perguntam se vale a pena ou não dar atenção ao que ele nos diz. Posso inclusive dizer que podemos criticar intelectualmente o que ele nos diz… podemos ou não estar de acordo com algumas de suas posturas… no entanto, não podemos nos afastar de sua figura. Ele é a pedra sobre a qual nossa Igreja é edificada pelo Espírito do Cristo Ressuscitado. Por esta mesma razão, os diversos Movimentos e Novas Comunidades Eclesiais se reuniram com Bento XVI na praça de São Pedro no Domingo de Pentecostes.

O que a Providência nos indicou com esse encontro? O que o atuar providente e amoroso de Deus nos mostrou? Mostrou-nos que os Movimentos e Novas Comunidades Eclesiais estão chamados a ser um novo Pentecostes para a Igreja. Através dos Movimentos e Novas Comunidades Eclesiais o Espírito quer irromper novamente na Igreja e “renovar a face da terra”. Qual deve ser o nosso sentimento ante isso?

Em primeiro lugar, agradecimento. A Providência nos escolheu… Deus, em sua Providência, quer que através de nós o Espírito Santo irrompa novamente na Igreja e na história. Deus olhou para a pequenez e fragilidade dos Movimentos e Novas Comunidades Eclesiais e manifestou o seu poder (afinal de contas somos muito jovens se nos compararmos com as demais fundações da Igreja).

Bendito seja Deus que nos escolheu!

Em segundo lugar, este agradecimento não deve se transformar em orgulho… não temos que pensar que tudo depende nós! Sim, depende de nós… contudo não somos “os donos da verdade”, como se diz por aí, somos sim instrumentos da verdade. Somos instrumentos de Deus e seu Espírito; somos os instrumentos através dos quais a Igreja continuará sendo edificada e o mundo santificado. Nosso agradecimento se converte, portanto, em consciência de missão, consciência de ser instrumentos. Com isso, podemos estar seguros que não seremos mais um grupo de arrogantes que passa pelo mundo; sim seremos um grupo, ou melhor, uma Família dos instrumentos de Deus; sim seremos como a comunidade cristã dos primeiros séculos que deixou-se imbuir pelo Espírito e assim fez com que a Boa Nova do Cristo chegasse até os nossos dias.

Bendito seja Deus que nos deu tão grande missão!

Ainda olhando para o cenário internacional de nossa Família de Schoenstatt nos encontramos com um jubileu que quer trazer vida nova para nós: os 75 anos da Juventude Feminina. Elas querem ser uma nova Primavera Sagrada… uma Primavera de santidade para a Igreja. Aqui no Brasil, se reuniram em Santa Maria e aqui, em Atibaia, para celebrar sua festa. Claro, que muitos de nós não tivemos a oportunidade de estar presentes… entretanto, fica o sonho dessas meninas: uma nova Primavera Sagrada!

Continuando com os jovens, e agora olhando para o nosso Schoenstatt brasileiro, a Juventude Masculina está celebrando os 50 anos da Aliança de Amor do primeiro grupo de jovens que se consagraram à MTA aqui no Brasil. Os meninos estão empenhados na preparação de sua festa em Londrina, que acontecerá entre os dias 01-05 de novembro. Um lema que os motivou para esta celebração foi: JUMAS, mostra a tua cara! Este sonho também fica conosco esta noite de abertura de nosso Congresso.

Os jovens nos estão falando… os jovens estão apontando para nós o caminho a ser seguido. Em sua aspiração juvenil, em sua ingenuidade, eles nos dizem: vamos lá! Sejamos os santos do novo milênio! Sejamos uma nova Primavera Sagrada! Mostremos a nossa cara ao mundo! E o que a Providência nos diz com isto tudo? Sim! Os jovens de nosso Movimento estão vibrando pelos ideais que nosso Pai nos deixou… e nós? Estamos tão entusiasmados como eles? Ou já estamos cansados?

Bendito seja Deus que nos dá jovens os quais vibram pelos ideais de Schoenstatt!
Bendito seja Deus que nos dá jovens que lutam pela santidade!
Bendito seja Deus que continua chamando corações juvenis a se consagrar inteiramente a Schoenstatt!

E os outros ramos? O que tem acontecido com os demais ramos de nossa Família? Nossas ligas, uniões e institutos continuam cultivando sua aspiração diária à santidade. Eles continuam com seu esforço por levar um estilo de vida diferente do que vemos no mundo… Eles continuam se esforçando com muita alegria para ser uma nova irrupção do Espírito Santo. Continuem com o seu trabalho! Continuem com seu esforço! Continuem oferecendo seu Capital de Graças!

Bendito seja Deus que nos dá sua graça para nossa aspiração diária à santidade!

E a Campanha da Mãe Peregrina? Essa sim tem sido agraciada por Deus! Quantas bênçãos a Campanha tem recebido ao longo de sua história… em muitas de nossas cidades se celebram tardes ou dias inteiros com Maria, uma iniciativa que amina e inspira as famílias que recebem a visita mensal da Mãe Peregrina e também é um apoio a mais para os zeladores, aqueles que assumem a missão do Diácono João Luiz Pozzobon. E por falar em João Luiz Pozzobon, este ano tivemos, por iniciativa da Presidência Nacional da Obra de Schoenstatt, a realização de um Simpósio Pastoral-Teológico sobre sua pessoa. O tema foi: “João Luiz Pozzobon, evangelizador da família na pós-modernidade”… tema complicado, como todo tema de Simpósio. Contudo, como os que participaram puderam testemunhar, se pensava que se estaria fazendo grandes reflexões sobre este Servo de Deus, no entanto o centro do Simpósio foi o trabalho que caracterizou toda a sua vida: ele estava evangelizando os que puderam participar. Muitos pensavam que iriam dizer muitas coisas interessantes sobre João Luiz Pozzobon, contudo quem falou coisas interessante no Simpósio foi o próprio João Luiz Pozzobon.

Bendito seja Deus que nos deu João Luiz Pozzobon!
Bendito seja Deus que o tomou como instrumento e fez nascer através dele a Campanha da Mãe Peregrina!
Bendito seja Deus por essa Campanha!

E ainda olhando para o cenário do nosso Schoenstatt-Brasil, recebemos um grande presente da Providência: um novo Diretor da Central de Assessores. A Providência de Deus também nos fala com a mudança dos diretores… o Pe. Pedro assim como o Pe. Ottomar vai se empenhar por nós, ele vai se esforçar para que o nosso trabalho dentro e fora da Família de Schoenstatt seja fecundo para toda a Igreja. Também tivemos algumas mudanças de assessores… sim, eles também esforçar-se-ão por Schoenstatt, eles também dedicarão seu tempo para que a mensagem da Aliança de Amor se espalhe cada dia mais por nosso Brasil. E qual deve ser nossa atitude? Colaboração! O peso de todo o Movimento não deve estar somente sobre as costas do Diretor da Central de Assessores, ou sobre as costas dos assessores… uma vez que selamos nossa Aliança de Amor, Schoenstatt é nosso! Nós somos Schoenstatt! Schoenstatt depende de nosso trabalho!

Bendito seja Deus que nos conduz através de nossos assessores!
Bendito seja Deus que permite que Schoenstatt seja completamente de nossa responsabilidade!

A Providência nos tem mostrado muito dentro da Igreja e dentro de nossa Família de Schoenstatt… será que ela também tem nos indicado algo com as correntes do mundo? Sem dúvidas! Nosso Pai tomou emprestada uma expressão do filósofo alemão Martin Heidegger e a transformou um pouco: Heidegger falava sobre “Zeitgeist”, o espírito (minúsculo) do tempo; nosso Pai dizia que dentro de este “Zeitgeist” também nos encontrávamos com o “Geist der Zeit”, o Espírito Santo (maiúsculo) do tempo. Portanto, o Espírito Santo também esteve presente nos acontecimentos mundiais… a Providência Divina também esteve nos indicando o caminho a seguir através das correntes do mundo.

Posso enumerar algumas dessas correntes: a preocupação pela paz e a segurança, movida sobretudo pelos atentados terroristas que se multiplicam; a dificuldade de o Ocidente dialogar com o Oriente, especialmente com o Oriente islâmico; o nascimento de uma nova potência mundial, a China; a preocupação pela ecologia… estamos em um mesmo barco, o planeta Terra, e não temos cuidado muito bem dele; as comunicação que a cada dia está mais veloz… enfim, estamos em um mundo efervescente.

E o nosso Brasil também está efervescente? A vida também tem seu pulso em nosso país? Graças a Deus, sim! E não somente durante a Copa do Mundo… infelizmente nossos políticos não são o melhor exemplo de transparência do mundo: mensalão, sanguessugas, dossiê, etc. E agora estamos em período de eleições… os governadores de muitos estados já foram eleitos no primeiro turno, contudo ainda temos que ir às urnas para escolher o nosso Presidente. Ser cidadão não é nada fácil! Todos elogiam a democracia, ser democrata, porém, não é fácil. Exercer a liberdade não é nada fácil!

Nossa economia dá sinais de recuperação, mas ainda estamos muito aquém do que fomos nos anos 70. Os índices significativos de crescimento aparecem, entretanto: nunca produzimos tanto alimento como nos últimos anos, nunca exportamos tanto como nos últimos anos, as comunicações no Brasil estão melhorando, mesmo que ainda não tenhamos os níveis dos países desenvolvidos.

Por outro lado, o que dizer da violência urbana… este ano, fomos pegos de surpresa duas vezes pelo crime organizado. A paz não é somente um desafio no Oriente Médio, parece que paz é um desafio em nossos próprios quintais. Se não estou equivocado, na listagem que fiz tanto dos acontecimentos do mundo, como nos acontecimentos do Brasil, constatamos que há mais situações difíceis que situações controladas. O que fazer?

“Não há alternativa! Ou avançamos ou retrocedemos.

Retrocedamos! Então teremos de remontar à Idade Média, arrancar os trilhos, cortar os fios do telégrafo, rejeitar a eletricidade, devolver o carvão às minas, fechar as universidades! Não. Jamais consentiremos em tal atitude! Isto não nos é permitido. Nunca haveremos de agir desta forma.

Por isso, avante! Avancemos nas pesquisas e conquistas de nosso mundo interior, através da auto-educação consciente. Quanto mais progresso exterior, tanto mais aprofundamento interno. Este é o brado, a senha difundida por toda a parte, não somente no campo católico, mas também no setor inimigo. Também, nós, de acordo com nossa formação, queremos incluir-nos nestas aspirações modernas.”[6]

Sim, estimada Família de Schoenstatt, nosso Pai nos indica que não devemos olhar para trás… não devemos ter uma nostalgia imatura do passado. Não! Para frente! Deus nos pôs no meio deste mundo para que possamos ir para frente! E isso a Providência também nos indicou durante 2006: para frente! Sigamos trilhando nosso caminho! Sigamos trilhando nosso caminho com a humanidade! Não fujamos do mundo!

“Vós sois sal da terra. Ora se o sal se torna insosso, com que o salgaremos?”[7]

O século XX significou um salto qualitativo para a humanidade que até então nunca tínhamos assistido. O poderio do ser humano de construção e de destruição jamais pode ser igualado ao poderio alcançado durante o século XX. E nós já estamos no século XXI… já somos filhos e filhas do desenvolvimento humano. Talvez dos que estamos aqui, nenhum tenha nascido usando um computador, como acontece com as crianças hoje; porém já nos habituamos aos avanços e as mudanças.

Será que não temos que escutar novamente nosso Pai?

“A auto-educação é imperativo do tempo.

Não é necessário conhecimento extraordinário do mundo e dos homens, para ver que nosso tempo com todo o seu progresso e suas múltiplas descobertas, não consegue livrar o homem do vazio interior.

Toda a atenção e atividade têm por objeto exclusivamente o macrocosmos, o grande mundo – o mundo fora de nós. Realmente, não cessaremos de admirar o gênio humano que dominou as poderosas energias da natureza e as colocou a seu serviço. Ele vence todas as distâncias, sonda as profundezas do mar, perfura as cadeias de montanhas e voa pelas alturas do espaço sideral. A tendência de pesquisar e conquistar impulsiona sempre mais para frente. Descobrimos o Pólo Norte, penetramos os continentes desconhecidos,

iluminamos nosso esqueleto com novos raios; o telescópio e o microscopia desvendam diariamente novos mundos.

Porém, apesar de tudo, há um mundo sempre antigo e sempre novo – o microcosmo – o mundo no pequeno, nosso próprio mundo interior permanece ignorado e desconhecido.”[8]

A necessidade de um homem novo e uma mulher nova que nasce da Aliança de Amor com Maria é mais que urgente. Não basta crescimento exterior! Se este não for acompanhado por um profundo crescimento interior… a humanidade vai desmoronar. E já vemos sinais deste desmoronamento… não obstante, ainda há espaço para a esperança, porque recebemos da Providência uma grande missão. Nosso Pai lendo seu “Zeitgeist”, o espírito do tempo, descobriu que a Aliança de Amor é a resposta para os desafios que acima indiquei. Em seu “Zeitgeist”, ele pôde perceber o “Geist der Zeit”, o Espírito que conduz o tempo e que o guiou a uma Aliança de Amor com Maria.

E por Providência, não por coincidência, estamos para iniciar o ano da Aliança de Amor. Nosso Congresso vai girar em torno à Aliança e durante todo o ano de 2007 estaremos nos referindo a este ato fundamental de nossa Família de Schoenstatt. Somente um ato? Não! Estaremos nos referindo durante todo o ano de 2007 à graça que a Aliança de Amor significa para todos nós. A Aliança é graça… a presença de nossa Mãe no Santuário pela Aliança de Amor é graça… a missão de conquistar um homem novo e uma mulher nova em uma nova comunidade é graça, é dom.

Nosso Pai usava muito uma expressão em alemão que é uma espécie de jogo de palavras: “eine Gabe ist eine Aufgabe”. Um dom é também tarefa! O dom da Aliança de Amor é uma tarefa para nós, filhos e filhas de Schoenstatt. A Aliança de Amor é também missão para nós. Acreditamos firmemente que através desta Aliança um mundo novo vai surgir. A Aliança é compromisso!

E onde selamos o nosso compromisso? Em nosso Santuário, em nosso Tabor. Novamente não se trata de coincidência, mas sim de Providência. Em 2007, também estaremos celebrando os 60 anos da proclamação da missão Tabor. Que o Brasil se torne um Tabor de Cristo e Maria! Esse foi o sonho de nosso Pai. E com ele, em 1985, assumimos este sonho: que o Brasil seja um Tabor!

Nosso Pai, quando esteve na América Latina, depois do tempo de fundação de Schoenstatt e seu amadurecimento no campo de concentração de Dachau, veio na busca de aliados. Ele buscava aliados para que,com ele, assumissem a missão de Maria. Ele veio ao Brasil para ver “as glórias de Maria”, tendo a convicção de que Ela estava fazendo grandes obras em nossas terras. A proclamação da missão Tabor se compreende justamente dentro deste contexto: nosso Pai buscava aliados!

“A Mãe de Deus nos deu um ao outro. Queremos permanecer reciprocamente fiéis: um no outro, com o outro, para o outro, no coração de Deus. Se não nos reencontrássemos ali, seria terrível. Ali devemos voltar a encontrar-nos. Não devemos pensar: vamos para Deus, por isso devemos separar-nos. Não quero ser simplesmente sinaleira na estrada. Não! Vamos um com o outro. E isto por toda a eternidade. Quão errado seria ser somente sinaleira no caminho. Estamos um junto ao outro, agora e na eternidade; também aí estaremos um no outro. É este o eterno habitar de um no outro, próprio do amor! Então, permanecendo um no outro, contemplaremos nossa querida Mãe e a Santíssima Trindade.”[9]

Na Argentina, ele proclamou a missão Nazaré… que os argentinos assegurem uma especial vinculação a Deus Pai. No Chile, ele proclamou a missão Cenáculo… que os chilenos assegurem uma especial vinculação com Deus Espírito Santo. E no Brasil? Ele proclamou a missão Tabor… que os brasileiros assegurem uma especial vinculação a Deus Filho, ao Deus Encarnado, ao Deus que veio nos salvar.

Escutemos a cena da Transfiguração mais uma vez, para vislumbrar novamente nossa missão:

“Seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João,
e os levou, sozinhos, para um lugar retirado num alto monte.
Ali foi transfigurado diante deles.
Suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas,
de uma alvura tal como nenhum lavandeiro na terra poderia alvejar.
E lhes apareceram Elias com Moisés, conversando com Jesus.
Pedro, tomando a palavra, diz a Jesus:
‘Rabi, é bom estarmos aqui. Façamos, pois, três tendas:
uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias.’
Ora, não sabiam o que dizer, porque estavam atemorizados.
E uma vem desceu, cobrindo-os com a sua sombra.
E uma voz, que saiu da nuvem, disse:
‘Este é o meu Filho amado; ouvi-o.’
E de repente, olhando ao redor,
não viram mais ninguém: Jesus estava sozinho com eles.”[10]

Jesus sobe a um alto monte com os seus discípulos e se transfigura em sua presença. Pedro fica extasiado… ele grita ao Mestre: “Façamos três tendas, aqui é bom estar!” Sim, aqui é bom estar… Jesus, todavia, indica que não basta experimentar a transfiguração; esta é uma graça, um dom que deve converter-se em uma tarefa, em uma missão. Da transfiguração à cruz, este foi o caminho do Senhor. E nós queremos ser mais que o Mestre? Queremos ser distintos? Não podemos… ele foi do Tabor ao Calvário. Nós vamos do nosso Monte Tabor, do nosso Santuário, para a luta diária pela santidade no mundo; nós recebemos a graça da Aliança de Amor no Santuário e vamos à luta para que um homem novo e uma mulher nova surjam!

E como assumir a missão? De onde vem a força para assumir tão grande missão? Do fato de sermos filhos amados de Deus Pai. Assim como Deus Pai diz de seu Filho sobre o monte da transfiguração, Ele também diz de nós hoje: somos os filhos amados! E estamos chamados a ser seus filhos heróicos, como Jesus o foi sobre o Calvário. Não obstante, o Filho não ficou abandonado à desgraça da cruz, Ele foi ressuscitado por seu Pai… Ele foi transfigurado para sempre!

A missão Tabor é compromisso! O nosso momento de Tabor, a nossa Aliança de Amor é compromisso! Por isso, subamos ao nosso Tabor, subamos ao nosso Santuário para lá vivenciar mais uma vez a graça que Deus nos oferece na Aliança de Amor e assim comprometamo-nos na formação de um homem novo, de uma mulher nova!

Muito obrigado.




[1] cf. Sal 22,4.
[2] Hb 12,22.
[3] cf 1Jo 4,10.
[4] Hb 5,7.
[5] Deus caritas est, n. 1.
[6] Documento da Pré-fundação, n. 13.
[7] Mt 5,13a.
[8] Documento da Pré-fundação, nn. 09 e 10.
[9] Conferência de 31 de maio de 1949, n. 38.
[10] Mc 9,2-8.