Que
atitudes implica a filialidade? Parece-me parece que são, fundamentalmente,
três atitudes frente ao Pai: confiança, obediência e entrega filial.
1.
A confiança filial. Deus é um Pai todo poderoso. Esta afirmação teológica
desperta em mim, a atitude de confiança. É a experiência da criança que sabe
confiar cegamente em seus padres. E o faz instintivamente, sem muita reflexão;
é sua experiência original. Por isso se sente tão seguro e querido e vive
tranqüilo e feliz sua vida.
O
que numa criança é espontâneo, nós, os adultos, temos de reconquistar se
queremos ter alma de criança. O que a criança pressupõe de seus pais naturais,
o homem filial o reconhece no
Pai
celestial. Por isso, o Padre Fundador procura conduzir-nos à confiança filial:
“Meu esforço pessoal, com respeito a toda a Família, é que cheguemos a ser
heróis da confiança”.
Ele
costuma ilustrar esta confiança heróica com a imagem do filho do marinheiro.
Este, mesmo tendo consciência do perigo em alto mar, não se desespera,
permanece tranqüilo, porque sabe que
seu
padre está no timão. É esta convicção a que temos de reconquistar: “O Pai tem
em suas mãos o timão, mesmo que não saiba o destino nem a rota” (HP, 399).
Quando assim entregamos a
Deus
Pai a condução de nossa vida, então renasce a segurança existencial. É a
“segurança do pendulo” que permanece firmemente
agarrado
desde o alto.
O
Pai é a rocha inamovível, a tranqüilidade do filho, em meio dos vaivens da
vida. “A criança tudo vence mediante a confiança” (Deus meu Pai, 223), afirma o
Padre Fundador.
A
infância espiritual consiste, neste contexto, numa fé simples na Divina
Providencia que nos faz ver presente, atrás de todos os acontecimentos da vida,
uma mão paternal e bondosa. Filialidade não é evasão de responsabilidades, se
não protagonismo histórico
e
criador. É compartilhar responsabilidades com o Pai, lutar por um mundo digno
de Ele.
2.
A obediencia filial. A verdadeira filialidade é, em segundo lugar, docilidade,
submissão à vontade de Deus, obediência ao Pai. A partir de Jesus e seguindo
seus sinais, “o homem filial sabe que sua obra é grande só na medida em que corresponde
ao desejo do Pai” (Deus meu Pai, 319).
É
perguntá-lhe, em cada caso: Pai, o que te agrada mais? A obediência confere a
infância espiritual, vitalidade e heroísmo; a faz exigente e educadora. Porque
a verdadeira imagem do Pai inclui não apenas bondade, se não também força.
Deus
Pai pode nos causar dor, para assemelharnos mais a seu Filho Unigênito. Mas é
sempre o amor que o impulsiona a impor-nos severas exigências.
3.
O amor filial. “Os santos - afirma o Padre Kentenich - se fizeram santos a
partir do momento em que começaram a amar, e começaram a amar só quando
acreditaram, souberam e se sentiram amados por Deus” (Deus meu Pai, 248).
Nosso
amor há de voltar a ser como o amor das crianças. Devemos deixar de lado nossos
enredos e complicações de adultos e aprender a amar com simplicidade. Devemos
tirar nossas máscaras de falsa grandeza e auto-suficiência e nos entregar com
humildade sincera. Devemos passar de um amor racional e calculista a um
amor
espontâneo e cálido. Esta simplicidade, autenticidade e espontaneidade na
entrega, cativam o amor do Pai e o atrai irresistivelmente. Por isso há de
crescer e purificar-se nosso amor. O amor primitivo gira em torno ao próprio eu
e seus interesses. O amor filial maduro gira em torno ao Pai e sua vontade. E
isso requer uma permanente auto-educação, uma luta diária constante, de renuncias
e entregas heróicas. Mas sabemos que é o único caminho para mudar e tornarnos
crianças, e assim poder entrar no Reino do Pai eterno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário