ORAÇÃO DE CONFIANÇA


Confio em teu poder e em tua bondade, em ti confio com filialidade, confio cegamente e em toda situação, Mãe, no teu Filho e na tua proteção. Amém.

Congresso da Família de Schoenstatt em Atibaia - SP - 2006











Congresso de Outubro – 2006
A Aliança de Amor nos torna filhos e missionários nele!


“Nu eu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei para lá. O Senhor deu, o Senhor tirou; como foi do agrado do Senhor, assim foi feito. Bendito seja o nome do Senhor! Se recebemos de Deus os bens, não deveríamos receber também os males?” (Jó 1,21; 2,10b)

Estimada Família de Schoenstatt,

com grande alegria damos início ao nosso Congresso de Outubro do ano 2006. “A Aliança de Amor nos torna filhos e missionários nele!”, este será o nosso lema, este será o lema que nos acompanhará nestes dias nos quais nos reunimos junto ao Santuário de nossa Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt para nos prepararmos a mais um ano de nossa caminhada rumo à celebração dos 100 anos de uma nova iniciativa de Deus: Schoenstatt! Schoenstatt é essa nova iniciativa, Schoenstatt é essa nova irrupção da graça de Deus na história… e nós, nós que hoje aqui nos reunimos podemos ser testemunhas desta iniciativa, porque esta iniciativa é parte de nossas vidas!

No entanto, não nos reunimos simplesmente para nos preparar intelectualmente, como muitos já devem ter pensado quando fiz a referência à preparação… estamos aqui também para nos prepararmos como Família. Deus foi e é tão generoso como Schoenstatt que não simplesmente nos permitiu ser partes de sua iniciativa; Ele permitiu que fossemos parte desta sua nova iniciativa como Família. Sim, somos Família! Somos a Família de Schoenstatt! Portanto, nestes dias de Congresso além de escutarmos boas palestras, sermos informados sobre a nova literatura schoenstattiana, estarmos atentos às correntes do tempo e da Igreja, queremos nos alegrar por sermos Família.

Somos testemunhas e partes da iniciativa de Deus em Schoenstatt!
Somos Família de Schoenstatt!

Que nossos corações sempre agradeçam a Deus por isso! Que durante este Congresso de Outubro possamos ir uma e outra vez ao Santuário e agradecer a Deus e sua Mãe por estarmos aqui testemunhando as maravilhas que Eles realizaram e ainda realizam em Schoenstatt! Que possamos agradecer mais e mais o fato de sermos Família!

Meus irmãos e minhas irmãs na Aliança de Amor,
como já puderam perceber o tema central de nosso Congresso será a Aliança de Amor… antes, contudo, de entrarmos de cheio neste novo tema, olhemos para trás… olhemos para o ano que passou. Há muito para agradecer… há muito para se perguntar… há muito para lembrar! Nosso Santo Padre, o Papa Bento XVI, enquanto ainda Cardeal falava da importância da memória, citando a Santo Agostinho. A memória, segundo o santo de Hipona e o então Cardeal Ratzinger, é o começo da retribuição final, o começo da vida plena em Deus.

Façamos, portanto, memória do ano que passou!

Estamos concluindo com este Congresso, pelo menos com os dirigentes do Movimento, o ano da Divina Providência. Por dita razão, comecei essa colocação citando o livro de Jó e o faço novamente:

“Nu eu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei para lá. O Senhor deu, o Senhor tirou; como foi do agrado do Senhor, assim foi feito. Bendito seja o nome do Senhor! Se recebemos de Deus os bens, não deveríamos receber também os males?” (Jó 1,21; 2,10b)

Jó, um personagem veterotestamentário, é conhecido tanto pela desgraça, como pela graça. A atitude do personagem já no começo do livro é o abandono total em Deus… “Bendito seja o nome do Senhor!”, exclama ao se deparar com a graça ou com a desgraça de sua vida. Qual deveria ter sido nossa atitude fundamental no ano da Divina Providência? Qual deve continuar sendo a nossa atitude ante o plano amoroso de Deus? Justamente, o abandono! E por que nos abandonarmos em Deus? Por que não ser mais ativos? Exatamente, porque no abandono é que encontramos a força para com Deus agir e transformar o mundo.

O site maeperegrina.org.br publicou uma enquete online, para que muitos pudessem relatar suas experiências com a Providência Divina durante o ano de 2006. As respostas são das mais variadas e tocam desde temas pessoais, até vivências apostólicas e comunitárias marcantes. Evitando os nomes, para poder manter a privacidade dos internautas, esses relatos hoje nos acompanham… eles são as páginas das nossas vidas! Não são as páginas da vida que todos os dias um canal de televisão exibe a partir das 21:00 hs.; são as páginas das nossas vidas, as páginas das nossas vidas guiadas pela Providência de Deus.

“O Senhor deu, o Senhor tirou; como foi do agrado do Senhor, assim foi feito. Bendito seja o nome do Senhor!”

Deus, em sua Providência amorosa e misericordiosa, se caracterizou pela superabundância no ano que passou. Favores e graças alcançados… projetos realizados… favores e graças não alcançados… projetos não realizados… ou pelo menos, não alcançados e não realizados da forma que nós queríamos. Muitas vezes pensamos que o Deus providente nos conduz simplesmente aos verdes prados, como reza o Salmo 22… Não! Muitas o Deus providente nos conduz ao vale da morte, como reza o mesmo Salmo[1]. Por que Ele nos conduz ao vale da morte? Por que Ele, que é amor, permite em nossa vida o sofrimento? Porque Ele quer que nós cresçamos no amor… Ele quer que nós nos abramos totalmente no amor, que passemos do amor de concupiscência, ao amor de benevolência.

Já que comecei a falar do amor (propositalmente), Deus nos deu na pessoa do Santo Padre, o Papa Bento XVI, um grande sinal de sua Providência logo ao iniciarmos o ano: Deus caritas est! A primeira encíclica do novo Pontífice… Muitos teólogos se perguntavam sobre o tema da primeira encíclica do Papa, geralmente conhecida como o seu programa de governo para a Igreja. Muitos afirmavam que seria algo em torno à verdade, já que uma de suas grandes preocupações era o relativismo de nossos tempos… estavam (ou melhor, estávamos) enganados. Bento XVI nos falou sobre o amor… começou sua encíclica fazendo uma aproximação ao amor desde o eros e o ágape gregos, ou o amor de concupiscência e o amor de benevolência. Nós, que nos aproximamos do Deus vivo como diz a Epístola aos Hebreus[2], somos convidados a crescer no amor, a que nosso amor de concupiscência chegue a ser um amor de benevolência, um amor de doação, como é o próprio Deus.

Bendito seja Deus que na pessoa do Santo Padre nos falou novamente do amor!

Entretanto, nosso Santo Padre não pára simplesmente em um estudo filosófico-teológico sobre o amor… ele fala também desse amor de benevolência, esse amor de doação na vida pública, na vida do mundo. Poderíamos fazer muitas teorias sobre o amor, poderíamos escrever livros e mais livros sobre a benevolência… nos esqueceríamos, porém, de que o amor também se vive. E como se vive o amor?

O verdadeiro amor cristão, em primeiro lugar, vive do próprio amor de Deus! Ele nos amou primeiro, vai afirmar o autor da Primeira Carta de João[3]. Quantas vezes em nossas vidas, não damos espaço ao amor de Deus… quantas vezes nos esquecemos de que é Deus quem nos amo em primeiro lugar!

Em segundo lugar, o amor cristão se caracteriza pela cruz. Na cruz, temos o maior exemplo do amor doação… lá Jesus se entregou ao Pai, lá Ele se doou totalmente por amor. A Providência o conduziu até lá, a Providência o educou até o perfeito amor doação, como nos diz a Carta aos Hebreus[4]. Quando Bento XVI nos fala do amor em sua encíclica, não podemos entender que a Providência também quer nos educar? Não podemos ver nesse documento papal um sinal da Providência que quer nos liberar do amor de concupiscência e nos levar a um amor de doação?

“Nós cremos no amor de Deus – deste modo pode o cristão exprimir a opção fundamental da sua vida. Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande idéia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. No seu Evangelho, João tinha expressado este acontecimento com as palavras seguintes: ‘Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho único para que todo o que n'Ele crer (…) tenha a vida eterna’ (Jo 3,16). Com a centralidade do amor, a fé cristã acolheu o núcleo da fé de Israel e, ao mesmo tempo, deu a este núcleo uma nova profundidade e amplitude. O crente israelita, de fato, reza todos os dias com as palavras do Livro do Deuteronômio, nas quais sabe que está contido o centro da sua existência: ‘Escuta, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças’ (Dt 6,4-5). Jesus uniu – fazendo deles um único preceito – o mandamento do amor a Deus com o do amor ao próximo, contido no Livro do Levítico: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’ (Lv 19,18; cf. Mc 12,29-31). Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1Jo 4,10), agora o amor já não é apenas um ‘mandamento’, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro.”[5]

Bendito seja Deus por ter-nos dado na encíclica “Deus caritas est” um caminho para crescer no amor!

Ainda olhando para a Igreja, nos encontramos ad portas de um grande evento: a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano. E mais: esta conferência, este acontecimento que terá grande importância para nossa Igreja vai acontecer a uns poucos quilômetros daqui, em Aparecida, junto ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Não é uma grande graça para nós brasileiros recebermos em nosso Santuário Nacional tal acontecimento?

As Conferências anteriores foram celebradas no Rio de Janeiro em 1955, momento no qual o CELAM foi fundado; em Medellín (Colômbia) em 1968, quando nossos bispos se reuniram no esforço de traduzir para a América Latina a novidade do Concílio Vaticano II; em Puebla (México) em 1979, quando se refletiu sobretudo a importância da Pastoral Popular no contexto latino-americano; em Santo Domingo (República Dominicana) em 1992, quando o Papa João Paulo II com os bispos latino-americanos lançaram o desafio da Nova Evangelização.

“Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nossos povos n’Ele tenham vida!” Esse é o lema da V Conferência. Nossos bispos nos convidam a renovar nosso compromisso com Cristo sendo seus discípulos e missionários, especialmente que a vida de nossos povos n’Ele floresça. O chamado é grande… o desafio é enorme! Nós, contudo, vamos nos lançar neste desafio… queremos ser os discípulos e missionários de Jesus neste novo milênio. Queremos assumir a sua missão!

E nós, schoenstattianos, queremos responder a este apelo de nossos bispos! Queremos a partir de nossa Aliança de Amor ser discípulos e missionários do Cristo! Queremos a partir de nossa Aliança de Amor ser filhos e missionários de nosso Pai e Fundador! Ele, quem seguiu a Cristo, ele quem entregou toda a sua vida por Cristo, é modelo para nossa entrega. Queremos seguir a Cristo como nosso Pai o seguiu. Queremos ser discípulos de Cristo como nosso Pai o foi! E como ele foi discípulo de Cristo? A partir da Aliança de Amor.

Bendito seja Deus por mais esta Conferência Geral do CELAM!
Bendito seja Deus por nos chamar a ser discípulos e missionários de seu Filho!

Por outro lado, gostaria de fazer menção à ação providente e amorosa de Deus em nossa Família de Schoenstatt. Primeiramente a nível internacional, tenho que mencionar o Encontro de Pentecostes dos Movimentos com o Santo Padre… novamente, aparece em nossa reflexão a figura do Papa Bento XVI! É interessante ver que isso acontece, afinal de contas é ele junto com os bispos quem garantem nosso ser Igreja. Muitos criticam a figura do Papa, muitos se perguntam se vale a pena ou não dar atenção ao que ele nos diz. Posso inclusive dizer que podemos criticar intelectualmente o que ele nos diz… podemos ou não estar de acordo com algumas de suas posturas… no entanto, não podemos nos afastar de sua figura. Ele é a pedra sobre a qual nossa Igreja é edificada pelo Espírito do Cristo Ressuscitado. Por esta mesma razão, os diversos Movimentos e Novas Comunidades Eclesiais se reuniram com Bento XVI na praça de São Pedro no Domingo de Pentecostes.

O que a Providência nos indicou com esse encontro? O que o atuar providente e amoroso de Deus nos mostrou? Mostrou-nos que os Movimentos e Novas Comunidades Eclesiais estão chamados a ser um novo Pentecostes para a Igreja. Através dos Movimentos e Novas Comunidades Eclesiais o Espírito quer irromper novamente na Igreja e “renovar a face da terra”. Qual deve ser o nosso sentimento ante isso?

Em primeiro lugar, agradecimento. A Providência nos escolheu… Deus, em sua Providência, quer que através de nós o Espírito Santo irrompa novamente na Igreja e na história. Deus olhou para a pequenez e fragilidade dos Movimentos e Novas Comunidades Eclesiais e manifestou o seu poder (afinal de contas somos muito jovens se nos compararmos com as demais fundações da Igreja).

Bendito seja Deus que nos escolheu!

Em segundo lugar, este agradecimento não deve se transformar em orgulho… não temos que pensar que tudo depende nós! Sim, depende de nós… contudo não somos “os donos da verdade”, como se diz por aí, somos sim instrumentos da verdade. Somos instrumentos de Deus e seu Espírito; somos os instrumentos através dos quais a Igreja continuará sendo edificada e o mundo santificado. Nosso agradecimento se converte, portanto, em consciência de missão, consciência de ser instrumentos. Com isso, podemos estar seguros que não seremos mais um grupo de arrogantes que passa pelo mundo; sim seremos um grupo, ou melhor, uma Família dos instrumentos de Deus; sim seremos como a comunidade cristã dos primeiros séculos que deixou-se imbuir pelo Espírito e assim fez com que a Boa Nova do Cristo chegasse até os nossos dias.

Bendito seja Deus que nos deu tão grande missão!

Ainda olhando para o cenário internacional de nossa Família de Schoenstatt nos encontramos com um jubileu que quer trazer vida nova para nós: os 75 anos da Juventude Feminina. Elas querem ser uma nova Primavera Sagrada… uma Primavera de santidade para a Igreja. Aqui no Brasil, se reuniram em Santa Maria e aqui, em Atibaia, para celebrar sua festa. Claro, que muitos de nós não tivemos a oportunidade de estar presentes… entretanto, fica o sonho dessas meninas: uma nova Primavera Sagrada!

Continuando com os jovens, e agora olhando para o nosso Schoenstatt brasileiro, a Juventude Masculina está celebrando os 50 anos da Aliança de Amor do primeiro grupo de jovens que se consagraram à MTA aqui no Brasil. Os meninos estão empenhados na preparação de sua festa em Londrina, que acontecerá entre os dias 01-05 de novembro. Um lema que os motivou para esta celebração foi: JUMAS, mostra a tua cara! Este sonho também fica conosco esta noite de abertura de nosso Congresso.

Os jovens nos estão falando… os jovens estão apontando para nós o caminho a ser seguido. Em sua aspiração juvenil, em sua ingenuidade, eles nos dizem: vamos lá! Sejamos os santos do novo milênio! Sejamos uma nova Primavera Sagrada! Mostremos a nossa cara ao mundo! E o que a Providência nos diz com isto tudo? Sim! Os jovens de nosso Movimento estão vibrando pelos ideais que nosso Pai nos deixou… e nós? Estamos tão entusiasmados como eles? Ou já estamos cansados?

Bendito seja Deus que nos dá jovens os quais vibram pelos ideais de Schoenstatt!
Bendito seja Deus que nos dá jovens que lutam pela santidade!
Bendito seja Deus que continua chamando corações juvenis a se consagrar inteiramente a Schoenstatt!

E os outros ramos? O que tem acontecido com os demais ramos de nossa Família? Nossas ligas, uniões e institutos continuam cultivando sua aspiração diária à santidade. Eles continuam com seu esforço por levar um estilo de vida diferente do que vemos no mundo… Eles continuam se esforçando com muita alegria para ser uma nova irrupção do Espírito Santo. Continuem com o seu trabalho! Continuem com seu esforço! Continuem oferecendo seu Capital de Graças!

Bendito seja Deus que nos dá sua graça para nossa aspiração diária à santidade!

E a Campanha da Mãe Peregrina? Essa sim tem sido agraciada por Deus! Quantas bênçãos a Campanha tem recebido ao longo de sua história… em muitas de nossas cidades se celebram tardes ou dias inteiros com Maria, uma iniciativa que amina e inspira as famílias que recebem a visita mensal da Mãe Peregrina e também é um apoio a mais para os zeladores, aqueles que assumem a missão do Diácono João Luiz Pozzobon. E por falar em João Luiz Pozzobon, este ano tivemos, por iniciativa da Presidência Nacional da Obra de Schoenstatt, a realização de um Simpósio Pastoral-Teológico sobre sua pessoa. O tema foi: “João Luiz Pozzobon, evangelizador da família na pós-modernidade”… tema complicado, como todo tema de Simpósio. Contudo, como os que participaram puderam testemunhar, se pensava que se estaria fazendo grandes reflexões sobre este Servo de Deus, no entanto o centro do Simpósio foi o trabalho que caracterizou toda a sua vida: ele estava evangelizando os que puderam participar. Muitos pensavam que iriam dizer muitas coisas interessantes sobre João Luiz Pozzobon, contudo quem falou coisas interessante no Simpósio foi o próprio João Luiz Pozzobon.

Bendito seja Deus que nos deu João Luiz Pozzobon!
Bendito seja Deus que o tomou como instrumento e fez nascer através dele a Campanha da Mãe Peregrina!
Bendito seja Deus por essa Campanha!

E ainda olhando para o cenário do nosso Schoenstatt-Brasil, recebemos um grande presente da Providência: um novo Diretor da Central de Assessores. A Providência de Deus também nos fala com a mudança dos diretores… o Pe. Pedro assim como o Pe. Ottomar vai se empenhar por nós, ele vai se esforçar para que o nosso trabalho dentro e fora da Família de Schoenstatt seja fecundo para toda a Igreja. Também tivemos algumas mudanças de assessores… sim, eles também esforçar-se-ão por Schoenstatt, eles também dedicarão seu tempo para que a mensagem da Aliança de Amor se espalhe cada dia mais por nosso Brasil. E qual deve ser nossa atitude? Colaboração! O peso de todo o Movimento não deve estar somente sobre as costas do Diretor da Central de Assessores, ou sobre as costas dos assessores… uma vez que selamos nossa Aliança de Amor, Schoenstatt é nosso! Nós somos Schoenstatt! Schoenstatt depende de nosso trabalho!

Bendito seja Deus que nos conduz através de nossos assessores!
Bendito seja Deus que permite que Schoenstatt seja completamente de nossa responsabilidade!

A Providência nos tem mostrado muito dentro da Igreja e dentro de nossa Família de Schoenstatt… será que ela também tem nos indicado algo com as correntes do mundo? Sem dúvidas! Nosso Pai tomou emprestada uma expressão do filósofo alemão Martin Heidegger e a transformou um pouco: Heidegger falava sobre “Zeitgeist”, o espírito (minúsculo) do tempo; nosso Pai dizia que dentro de este “Zeitgeist” também nos encontrávamos com o “Geist der Zeit”, o Espírito Santo (maiúsculo) do tempo. Portanto, o Espírito Santo também esteve presente nos acontecimentos mundiais… a Providência Divina também esteve nos indicando o caminho a seguir através das correntes do mundo.

Posso enumerar algumas dessas correntes: a preocupação pela paz e a segurança, movida sobretudo pelos atentados terroristas que se multiplicam; a dificuldade de o Ocidente dialogar com o Oriente, especialmente com o Oriente islâmico; o nascimento de uma nova potência mundial, a China; a preocupação pela ecologia… estamos em um mesmo barco, o planeta Terra, e não temos cuidado muito bem dele; as comunicação que a cada dia está mais veloz… enfim, estamos em um mundo efervescente.

E o nosso Brasil também está efervescente? A vida também tem seu pulso em nosso país? Graças a Deus, sim! E não somente durante a Copa do Mundo… infelizmente nossos políticos não são o melhor exemplo de transparência do mundo: mensalão, sanguessugas, dossiê, etc. E agora estamos em período de eleições… os governadores de muitos estados já foram eleitos no primeiro turno, contudo ainda temos que ir às urnas para escolher o nosso Presidente. Ser cidadão não é nada fácil! Todos elogiam a democracia, ser democrata, porém, não é fácil. Exercer a liberdade não é nada fácil!

Nossa economia dá sinais de recuperação, mas ainda estamos muito aquém do que fomos nos anos 70. Os índices significativos de crescimento aparecem, entretanto: nunca produzimos tanto alimento como nos últimos anos, nunca exportamos tanto como nos últimos anos, as comunicações no Brasil estão melhorando, mesmo que ainda não tenhamos os níveis dos países desenvolvidos.

Por outro lado, o que dizer da violência urbana… este ano, fomos pegos de surpresa duas vezes pelo crime organizado. A paz não é somente um desafio no Oriente Médio, parece que paz é um desafio em nossos próprios quintais. Se não estou equivocado, na listagem que fiz tanto dos acontecimentos do mundo, como nos acontecimentos do Brasil, constatamos que há mais situações difíceis que situações controladas. O que fazer?

“Não há alternativa! Ou avançamos ou retrocedemos.

Retrocedamos! Então teremos de remontar à Idade Média, arrancar os trilhos, cortar os fios do telégrafo, rejeitar a eletricidade, devolver o carvão às minas, fechar as universidades! Não. Jamais consentiremos em tal atitude! Isto não nos é permitido. Nunca haveremos de agir desta forma.

Por isso, avante! Avancemos nas pesquisas e conquistas de nosso mundo interior, através da auto-educação consciente. Quanto mais progresso exterior, tanto mais aprofundamento interno. Este é o brado, a senha difundida por toda a parte, não somente no campo católico, mas também no setor inimigo. Também, nós, de acordo com nossa formação, queremos incluir-nos nestas aspirações modernas.”[6]

Sim, estimada Família de Schoenstatt, nosso Pai nos indica que não devemos olhar para trás… não devemos ter uma nostalgia imatura do passado. Não! Para frente! Deus nos pôs no meio deste mundo para que possamos ir para frente! E isso a Providência também nos indicou durante 2006: para frente! Sigamos trilhando nosso caminho! Sigamos trilhando nosso caminho com a humanidade! Não fujamos do mundo!

“Vós sois sal da terra. Ora se o sal se torna insosso, com que o salgaremos?”[7]

O século XX significou um salto qualitativo para a humanidade que até então nunca tínhamos assistido. O poderio do ser humano de construção e de destruição jamais pode ser igualado ao poderio alcançado durante o século XX. E nós já estamos no século XXI… já somos filhos e filhas do desenvolvimento humano. Talvez dos que estamos aqui, nenhum tenha nascido usando um computador, como acontece com as crianças hoje; porém já nos habituamos aos avanços e as mudanças.

Será que não temos que escutar novamente nosso Pai?

“A auto-educação é imperativo do tempo.

Não é necessário conhecimento extraordinário do mundo e dos homens, para ver que nosso tempo com todo o seu progresso e suas múltiplas descobertas, não consegue livrar o homem do vazio interior.

Toda a atenção e atividade têm por objeto exclusivamente o macrocosmos, o grande mundo – o mundo fora de nós. Realmente, não cessaremos de admirar o gênio humano que dominou as poderosas energias da natureza e as colocou a seu serviço. Ele vence todas as distâncias, sonda as profundezas do mar, perfura as cadeias de montanhas e voa pelas alturas do espaço sideral. A tendência de pesquisar e conquistar impulsiona sempre mais para frente. Descobrimos o Pólo Norte, penetramos os continentes desconhecidos,

iluminamos nosso esqueleto com novos raios; o telescópio e o microscopia desvendam diariamente novos mundos.

Porém, apesar de tudo, há um mundo sempre antigo e sempre novo – o microcosmo – o mundo no pequeno, nosso próprio mundo interior permanece ignorado e desconhecido.”[8]

A necessidade de um homem novo e uma mulher nova que nasce da Aliança de Amor com Maria é mais que urgente. Não basta crescimento exterior! Se este não for acompanhado por um profundo crescimento interior… a humanidade vai desmoronar. E já vemos sinais deste desmoronamento… não obstante, ainda há espaço para a esperança, porque recebemos da Providência uma grande missão. Nosso Pai lendo seu “Zeitgeist”, o espírito do tempo, descobriu que a Aliança de Amor é a resposta para os desafios que acima indiquei. Em seu “Zeitgeist”, ele pôde perceber o “Geist der Zeit”, o Espírito que conduz o tempo e que o guiou a uma Aliança de Amor com Maria.

E por Providência, não por coincidência, estamos para iniciar o ano da Aliança de Amor. Nosso Congresso vai girar em torno à Aliança e durante todo o ano de 2007 estaremos nos referindo a este ato fundamental de nossa Família de Schoenstatt. Somente um ato? Não! Estaremos nos referindo durante todo o ano de 2007 à graça que a Aliança de Amor significa para todos nós. A Aliança é graça… a presença de nossa Mãe no Santuário pela Aliança de Amor é graça… a missão de conquistar um homem novo e uma mulher nova em uma nova comunidade é graça, é dom.

Nosso Pai usava muito uma expressão em alemão que é uma espécie de jogo de palavras: “eine Gabe ist eine Aufgabe”. Um dom é também tarefa! O dom da Aliança de Amor é uma tarefa para nós, filhos e filhas de Schoenstatt. A Aliança de Amor é também missão para nós. Acreditamos firmemente que através desta Aliança um mundo novo vai surgir. A Aliança é compromisso!

E onde selamos o nosso compromisso? Em nosso Santuário, em nosso Tabor. Novamente não se trata de coincidência, mas sim de Providência. Em 2007, também estaremos celebrando os 60 anos da proclamação da missão Tabor. Que o Brasil se torne um Tabor de Cristo e Maria! Esse foi o sonho de nosso Pai. E com ele, em 1985, assumimos este sonho: que o Brasil seja um Tabor!

Nosso Pai, quando esteve na América Latina, depois do tempo de fundação de Schoenstatt e seu amadurecimento no campo de concentração de Dachau, veio na busca de aliados. Ele buscava aliados para que,com ele, assumissem a missão de Maria. Ele veio ao Brasil para ver “as glórias de Maria”, tendo a convicção de que Ela estava fazendo grandes obras em nossas terras. A proclamação da missão Tabor se compreende justamente dentro deste contexto: nosso Pai buscava aliados!

“A Mãe de Deus nos deu um ao outro. Queremos permanecer reciprocamente fiéis: um no outro, com o outro, para o outro, no coração de Deus. Se não nos reencontrássemos ali, seria terrível. Ali devemos voltar a encontrar-nos. Não devemos pensar: vamos para Deus, por isso devemos separar-nos. Não quero ser simplesmente sinaleira na estrada. Não! Vamos um com o outro. E isto por toda a eternidade. Quão errado seria ser somente sinaleira no caminho. Estamos um junto ao outro, agora e na eternidade; também aí estaremos um no outro. É este o eterno habitar de um no outro, próprio do amor! Então, permanecendo um no outro, contemplaremos nossa querida Mãe e a Santíssima Trindade.”[9]

Na Argentina, ele proclamou a missão Nazaré… que os argentinos assegurem uma especial vinculação a Deus Pai. No Chile, ele proclamou a missão Cenáculo… que os chilenos assegurem uma especial vinculação com Deus Espírito Santo. E no Brasil? Ele proclamou a missão Tabor… que os brasileiros assegurem uma especial vinculação a Deus Filho, ao Deus Encarnado, ao Deus que veio nos salvar.

Escutemos a cena da Transfiguração mais uma vez, para vislumbrar novamente nossa missão:

“Seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João,
e os levou, sozinhos, para um lugar retirado num alto monte.
Ali foi transfigurado diante deles.
Suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas,
de uma alvura tal como nenhum lavandeiro na terra poderia alvejar.
E lhes apareceram Elias com Moisés, conversando com Jesus.
Pedro, tomando a palavra, diz a Jesus:
‘Rabi, é bom estarmos aqui. Façamos, pois, três tendas:
uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias.’
Ora, não sabiam o que dizer, porque estavam atemorizados.
E uma vem desceu, cobrindo-os com a sua sombra.
E uma voz, que saiu da nuvem, disse:
‘Este é o meu Filho amado; ouvi-o.’
E de repente, olhando ao redor,
não viram mais ninguém: Jesus estava sozinho com eles.”[10]

Jesus sobe a um alto monte com os seus discípulos e se transfigura em sua presença. Pedro fica extasiado… ele grita ao Mestre: “Façamos três tendas, aqui é bom estar!” Sim, aqui é bom estar… Jesus, todavia, indica que não basta experimentar a transfiguração; esta é uma graça, um dom que deve converter-se em uma tarefa, em uma missão. Da transfiguração à cruz, este foi o caminho do Senhor. E nós queremos ser mais que o Mestre? Queremos ser distintos? Não podemos… ele foi do Tabor ao Calvário. Nós vamos do nosso Monte Tabor, do nosso Santuário, para a luta diária pela santidade no mundo; nós recebemos a graça da Aliança de Amor no Santuário e vamos à luta para que um homem novo e uma mulher nova surjam!

E como assumir a missão? De onde vem a força para assumir tão grande missão? Do fato de sermos filhos amados de Deus Pai. Assim como Deus Pai diz de seu Filho sobre o monte da transfiguração, Ele também diz de nós hoje: somos os filhos amados! E estamos chamados a ser seus filhos heróicos, como Jesus o foi sobre o Calvário. Não obstante, o Filho não ficou abandonado à desgraça da cruz, Ele foi ressuscitado por seu Pai… Ele foi transfigurado para sempre!

A missão Tabor é compromisso! O nosso momento de Tabor, a nossa Aliança de Amor é compromisso! Por isso, subamos ao nosso Tabor, subamos ao nosso Santuário para lá vivenciar mais uma vez a graça que Deus nos oferece na Aliança de Amor e assim comprometamo-nos na formação de um homem novo, de uma mulher nova!

Muito obrigado.




[1] cf. Sal 22,4.
[2] Hb 12,22.
[3] cf 1Jo 4,10.
[4] Hb 5,7.
[5] Deus caritas est, n. 1.
[6] Documento da Pré-fundação, n. 13.
[7] Mt 5,13a.
[8] Documento da Pré-fundação, nn. 09 e 10.
[9] Conferência de 31 de maio de 1949, n. 38.
[10] Mc 9,2-8.

Nenhum comentário:

Postar um comentário